Os mais de 240 mil eleitores de Piracicaba que se preparem para conversar muito com candidatos a vereador. Este ano, os aspirantes a esse cargo vão investir pesado no corpo-a-corpo com o eleitorado. Isso porque esta será a primeira disputa municipal regida pela nova legislação, de 2006, que proíbe o uso de uma série de itens na campanha, entre eles, brindes como camisetas, lixas de unha e outros (veja quadro nesta página). As mudanças também poderiam reduzir os custos de campanha, mas alguns pré-candidatos calculam gastar mais do que na última eleição, em 2004.
De acordo com o juiz responsável pela 93ª Zona Eleitoral de Piracicaba, Wander Pereira Rossete Júnior, o objetivo da nova Lei das Eleições foi “travar” a possibilidade de uso do “poder econômico” nas campanhas. “Isso vai privilegiar aqueles que saírem às ruas realmente. Os concorrentes, de um modo geral, terão de estar mais próximos do eleitor porque não podem mais usar mecanismos que antes colocavam uma ou outra pessoa em evidência”, avalia o juiz eleitoral.
Ele afirma que essa nova característica das disputas locais deve ficar mais “evidente” com a proximidade do prazo para os partidos definirem candidatos e coligações –– 30 de junho é o último dia para realização das convenções partidárias que irão definir os concorrentes a prefeito, vice-prefeito e vereador. Depois dessa data, as legendas e coligações terão até dia 5 de julho para registrar seus candidatos. Até lá, no entanto, “todo tipo de propaganda antecipada é proibida”, lembra Rossete.
O doutor em ciências da comunicação e professor da pós-graduação da Universidade Metodista de São Bernardo, Adolpho Queiroz, diz: “Comprar um sapato novo é um bom investimento para os que querem se eleger vereador, pois terão que andar muito. Já os que disputam para prefeito, nem tanto, porque terão à disposição TV, rádio, jornais, internet, outdoors pequenos.”
QUANTO CUSTA –– Dos 16 atuais mandatários da Câmara de Vereadores de Piracicaba, 14 são pré-candidatos à reeleição no Legislativo –– Antonio Oswaldo Storel (PSB) confirmou que não vai concorrer e Gustavo Ranzani Herrmann, também do PSB, disse que disputará a prefeitura. Para ocupar hoje uma cadeira na Casa de Leis, os parlamentares declararam, juntos, um gasto de R$ 283,9 mil na campanha de 2004.
Considerada a inflação no período –– 13,86% ––, as mesmas 16 campanhas custariam agora R$ 323,2 mil. Também em valores atualizados, a média de investimento por candidato eleito seria de R$ 20,1 mil. Os gastos declarados na época variaram entre R$ 59,6 mil, quase R$ 68 mil com a inflação, e R$ 1.711 (R$ 1.948). Como o rol de itens autorizados para a propaganda é menor, a nova legislação poderia também reduzir os custos das campanhas. No entanto, alguns “vereadores-pré-candidatos” calculam para esta eleição gastos maiores do que os declarados na última disputa.
O sindicalista José Luiz Ribeiro (PSDB), que distribuiu alguns brindes em 2004, disse que pretende gastar pelo menos 20% a mais do que os R$ 44,9 mil que declarou à Justiça na oportunidade. “Isso incluindo a inflação”, informou. Euclides Buzetto (PT) afirmou que sua campanha deste ano “não passará de R$ 20 mil”, valor que é 68% maior do que os R$ 11,9 mil declarados por ele na última eleição. A vereadora Márcia Pacheco (PSDB) também projeta um desembolso maior para este ano: “Acho que vai ficar entre R$ 15 mil e R$ 18 mil”, afirmou ela, que em 2004 declarou gasto de R$ 9,3 mil.
Os demais vereadores informaram que pretendem manter o mesmo “patamar” de gastos da campanha passada, que vão gastar menos ou que ainda não têm estimativas para os custos deste ano. Gustavo Herrmann, como vai concorrer a prefeito, disse que pretende gastar R$ 500 mil. “Expectativa de gasto eu até tenho, mas a arrecadação será difícil devido à imagem atual que as pessoas têm da política. As pessoas estão resistentes em doar dinheiro para campanha”, destacou.
Apresentado aos valores declarados em 2004 pelos vereadores, o especialista em marketing político Adolpho Queiroz declarou: “Quem participa de campanhas eleitorais sabe que os números enviados ao juiz eleitoral são duvidosos. Aqui ou em qualquer outro lugar do país. Para ser eleito vereador em uma cidade como Piracicaba, o sujeito vai gastar no mínimo R$ 100 mil.”
Ainda segundo Queiroz, os gastos com gasolina, telefone, cabos eleitorais, assessores, programas no rádio, santinhos, anúncios em jornais, fotografias eleitorais e outros redundam em uma conta “que não cabe na casa das dezenas de milhares de reais”.
O juiz eleitoral Wander Rossete informou que os valores de campanha declarados só são reprovados quando há evidência de fraude. “Acredita-se que os gastos apresentados são verdadeiros”, disse. Ele destacou ainda que as denúncias podem ser feitas por concorrentes que se sentirem “prejudicados” no processo devido a questões relacionadas à prestação de contas.
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