26 de nov. de 2007
Olivetto: propaganda não espelha o Brasil
O filme se passa numa sauna seca. Dentro dela, estão alguns homens suecos - loiríssimos e de olhos azuis -, com aquela saúde de vaca premiada (como diria o Nelson Rodrigues), suando em bicas (como diria a minha avó), no mais absoluto silêncio. Esse suadouro silencioso dura 22 segundos, até que, de repente, um dos homens se levanta e vai em direção à porta. Imediatamente, é seguido pelos outros. Eles abrem a porta da sauna, saem correndo e se atiram num lago inteiramente congelado.
Nesse instante, a voz de um locutor, em off, diz, em tom coloquial: "Nós fazemos carros tão resistentes quanto fazemos pessoas".
Surge na tela, em cima da cena dos suecos duplamente "freezados", a assinatura Volvo.
Esse filme de antigamente é um daqueles raros casos em que a publicidade espelha - de maneira brilhante - as características de um produto e de um país. Coisa que acontece cada vez menos na comunicação e na propaganda dos dias de hoje.
Vivemos num mundo de clichês pseudoglobalizados, recheados com recursos de forma, mas vazios de conteúdo. A maioria das publicações parece ter sido editada pelo último fotógrafo da moda, seja ele quem for. A maioria dos comerciais é apátrida. Parecem-se muito com os executivos das salas de reuniões em que foram aprovados, mas pouco com o consumidor e com o produto anunciado.
Por essas e por outras - e antes que um norte-americano o faça (me desculpe, Edward McCabe) -, me encanta falar do calor humano no Brasil [veja também a edição da revista Mag! sobre o calor, nas bancas]. Uma das características mais adoráveis e menos documentadas do nosso povo.
O calor humano (ao contrário do calor das saunas secas, da frieza dos lagos gelados e dos editoriais das Vanity Fairs da vida) é nosso e ninguém tasca. É o maior patrimônio palpável, impalpável e papável da civilização brasileira.
Está nos ensaios da Mangueira, do Salgueiro, da Gaviões da Fiel; nas favelas e nos bairros de grã-finos de São Paulo que, curiosamente, têm nomes de favelas, como Vila Nova Conceição; nos bailes funks, nos quais "se ela dança, eu danço"; nos hospitais dos grã-finos cariocas que, curiosamente, têm nomes de nightclubs, como Copa DOr; nas torcidas do Corinthians, do Flamengo e do Ameriquinha ("Hei de vencer, vencer, vencer, vencer até morrer." Salve, Lamartine Babo); nos farofeiros da Praia Grande; na procissão de barcos milionários em Angra dos Reis; nas baladas e luais dos mauricinhos e patricinhas em Maresias; e na maioria das nossas manifestações coletivas ou individuais, que, por sinal, se misturam e se complementam.
Imagine a cena: Rio de Janeiro, Ipanema, Posto 9, mês de fevereiro, final de tarde de um domingo qualquer. A galera reunida e comprimida (fenômeno coletivo) aplaude o pôr-do-sol. No meio da galera, uma menina-mulher meio loira, meio morena (fenômeno individual) pede passagem. Uma gota de suor escorre pelas suas costas (calor humano), mas ela nem sente. Tem 18 anos, olhos dágua, nariz arrebitado, sorriso maroto, cabelos encaracolados, peitos rígidos, cintura fina, coxas roliças, bunda arrebitada e, felizmente, não é minha filha. Não importa seu status social. Ela sintetiza o produto final do calor humano: a miscigenação, a democratização da beleza.
Definitivamente, nem a Suécia nem o Haiti são aqui. Graças a Deus, que é brasileiro.
Por Washington Olivetto - publicado no Jornalirismo
Fonte: Adnews
23 de nov. de 2007
Mobile Marketing em expansão
Imagine uma empresa impactar seu público alvo em um canal tão individual e interativo? É possível, através do mobile marketing, uma ferramenta de comunicação ágil, dinâmica e econômica que têm sido alvo das agências para fortalecer e agregar valor para as empresas.
Atualmente, um dos mercados mais aquecidos é o de mobile marketing, que cresce na mesma proporção do consumo de aparelhos celulares. No Brasil, o uso de celulares bate recorde anualmente, e hoje totalizamos mais de 112 milhões de usuários. Para exemplificar o que isto significa, imagine que ainda não chegamos a ter 70 milhões de televisores.
No ranking por países, ocupamos o quinto lugar; a China é primeira colocada, com 461 milhões, seguida dos Estados Unidos (233 milhões), da Rússia (152 milhões) e da Índia (149 milhões). Tal representatividade impulsiona as empresas a investirem neste eficiente canal de comunicação. Estamos falando de um aparelho multimídia de aproximadamente 100 gramas, ligado 24hs por dia, sempre ao alcance de nossas mãos.
Segundo a Mobile Marketing Association, os investimentos em publicidade no celular devem chegar U$$ 55 Bilhões até 2011. É necessário criar consciência a respeito do crescimento deste mercado, que se caracteriza como uma grande oportunidade de otimizar a capacidade de estratégias de ações das empresas.
Uma pesquisa realizada pela Opera Telecom informa que a taxa de sucesso do Mobile Marketing chega a 25% contra 1,5% dos meios convencionais de marketing, ou seja, esta ferramenta prova ser eficaz, e a tendência é que mais empresas e agências desenvolvam aplicativos e campanhas para o celular.
Para que a comunicação seja realizada de forma correta, é preciso que o consumidor permita o envio e recebimento de mensagens em seu celular. As campanhas de mobile marketing podem ser divididas em dois modelos: passivo e ativo. O modelo passivo consiste quando o consumidor inicia a comunicação sem receber nenhum tipo de mensagem para isso, enviando apenas o comando "participar".
O modelo ativo é utilizado em campanhas corporativas. Neste caso, já existe uma prévia autorização para a comunicação via mensagens de texto. Alguns bancos atuam desta forma e utilizam a tecnologia móvel para interagir com seus funcionários.
A mobilidade promete ser a tendência do futuro, pois permite que o indivíduo se comunique a qualquer momento, de qualquer lugar. As ações de marketing pelo celular não se limitam a divulgação da marca, muitas campanhas de Mobile Marketing bem sucedidas usam o celular como ferramenta para interagir com o consumidor. Portanto, o celular deve ser visto de duas formas: como ferramenta de divulgação e como forma interativa.
É o futuro da comunicação! Com isso percebemos as mudanças nas campanhas. Por se tratar de uma inovação eficaz, as agências irão oferecer o mobile marketing cada vez mais aos clientes, expondo todos os benefícios que a tecnologia oferece.
Sem dúvida, é uma ferramenta de incrível penetração, totalmente interativa e flexível!
Em breve veremos muitas campanhas envolvendo o celular, pois a busca pela inovação, atrairá os olhares para o mercado. Para que as futuras campanhas sejam um sucesso, precisam seguir três princípios: permissão, conteúdo inteligente e interatividade com o consumidor.
Por Rodrigo Braga, diretor Comercial da Peopleway Tecnologia
Fonte: Adnews
21 de nov. de 2007
Publicidade pirata
Quando um advogado, engenheiro, médico ou arquiteto é contratado para um trabalho, ele tem muito mais do que a responsabilidade de cumprir prazos e executar a tarefa que lhe foi conferida, tem responsabilidade jurídica sobre seus atos.
Por isso é exigido que ele comprove sua capacitação para exercício da profissão, geralmente através do registro na entidade que regulamenta sua profissão. O publicitário, muitas vezes não tem esse tipo de controle, mas é igualmente responsável pelo seu trabalho, apesar das aparências.
Geralmente, a impressão que temos (todos, inclusive clientes e publicitários) é que quanto uma agência é contratada para criar uma marca para determinado produto ou serviço, sua responsabilidade se resume a criar algo que o cliente goste, que lhe transmita satisfação e que, em sua opinião, reflita as qualidades que ele quer ver reconhecidas no seu produto, certo?
Agora pergunto: e se a marca criada pela agência, que é linda! Incrível! Maravilhosa!
Mas for impossível de ser registrada, ou pior, já esteja registrada por outra empresa para o mesmo tipo de produto...
Qual é a responsabilidade da agência e do publicitário neste caso?
Na verdade tudo depende do início da história, aquela introdução básica que sempre “pulamos” para ler diretamente o capítulo onde o mocinho pega o bandido, esquecemos de fazer um contrato ou, pelo menos, formalizar de alguma forma O QUÊ o cliente está “comprando”.
Quando o cliente traz um nome pré-definido por ele e pede para que a agência crie uma identidade visual para esse “nome” a responsabilidade da agência se resume aos aspectos visuais, essa nova marca não deve colidir visualmente com outras já existentes a ponto de causar confusão ao consumidor.
Já quando o cliente traz somente um briefing do produto e contrata a agência para criar um nome e desenvolver a identidade visual deste nome, sua responsabilidade sobre o mesmo é de 100%.
Cabe à agência criar um nome viável de registro e que não cause mais problemas ao cliente do que soluções, salvo a possibilidade do próprio cliente determinar que deseja essa semelhança, mas não se esqueçam de documentar isso, senão fica o dito pelo não dito e a agência responderá SOLIDARIAMENTE em caso de pirataria.
Isso mesmo, a palavra maldita PI-RA-TA-RIA quando a agência cria uma marca colidente com outra já registrada elas estão colaborando para a pirataria, o uso indevido de marca de terceiro, em resumo: CRIME PREVISTO EM LEI.
Para evitar essa saia justa a agência deve tomar alguns cuidados simples:
1.Documente a relação com seu cliente, deixe claro o que ele está comprando, mesmo que não haja um contrato formal, algum tipo de documento deve haver, uma autorização de serviços, etc...;
2.Caso o cliente deseje explicitamente imitar um concorrente, documente essa intenção ou você estará sujeito grandes complicações, caso o cliente se negue a documentar essa situação, sinceramente, melhor perder o cliente do que perder a agência toda (veja no final do artigo os riscos);
3.Oriente o pessoal da área de criação para evitar esse tipo de risco e, se possível, dê-lhes treinamento adequado para que possam diferenciar as marcas que são possíveis das que não são.
Quando uma marca viola outra já registrada os principais riscos são:
Processo por USO INDEVIDO DE MARCA DE TERCEIRO - Com previsão de multa/indenização que geralmente varia entre 3% e 5% do faturamento bruto com o produto nos últimos 5 anos e prisão de 3 meses a 1 ano.
Indenização por CRIME DE CONCORRÊNCIA DESLEAL e DESVIO DE CLIENTELA, não há regras fixas quanto à indenização nestes casos, mas geralmente o autor da ação apresenta ao juiz estimativas das suas perdas (vendas que deixaram de ocorrer em função da pirataria).
Processo requerendo indenização por LUCRO CESSANTE muito comum quando a pirataria envolve um domínio na internet. Atualmente os tribunais já tem considerado a internet como um ponto de venda, então, se uma empresa registra como domínio a marca de outra impedindo-a de usa-la, pode sofrer esse tipo de processo.
DANO MORAL E MATERIAL – menos comum, mas há risco de que a empresa lesada solicite indenização pelo dano causado a sua imagem durante o período em que houve a pirataria.
CONCLUSÃO: Em tempos que se fala de profissionalização das agências, ISO 9000 e outras certificações, não vamos esquecer do básico – a função da marca é ser única no segmento que atua e ao bom publicitário cabe essa honrosa e difícil missão.
Fonte: Websinder
12 de nov. de 2007
O marketing de bajulação
Essa racinha miserável e sem mãe nasce em casulos pendurados nas protuberâncias que ficam abaixo da cintura de empresários, magnatas, milionários, líderes políticos, artistas de televisão e, claro, publicitários famosos.
Os bajuladores, espécie da família dos Adulatoris Babaovis, há tempos foram abandonados por qualquer propriedade cognitiva ou neurológica. E agora andam por aí à espreita, em busca de novas vítimas que serão obrigadas a se equilibrar em chão lambido e suportar toda sorte de mesuras falsas e servilismos.
Nas agências de propaganda, os servilões estão sempre no mesmo lugar: exatamente onde estiver o chefe, esperando para fazer uma lisonja. É gente de criação, mídia, produção gráfica, planejamento e outras áreas. Só o atendimento não é puxa-saco. Quem não acredita comete uma dessas injustiças tão comuns da vida. Esses profissionais pertencem a outra categoria. A dos puxa-sacos dos puxa-sacos.
Subservientes por desgraça da natureza, os escova-botas são aqueles que elogiam toda e qualquer porcaria que os diretores de criação produzem em dias menos inspirados. O sujeito nem termina a peça e já tem uma orelha em pé ali, pronta para despejar um balde de baba.
– Genial! Que inteligência! Você é o máximo!
O pior é que o assédio provoca na vítima os mais baixos instintos. Ele até reluta, tenta, segura, morde a língua. Mas a empáfia passa a rasteira na modéstia e levanta os braços, vitoriosa:
– Você acha? Imagina! É a minha geração. Pertenço a uma casta de criativos que se alfabetizou nos anuários de propaganda. Rá rá rá!
Quando a conversa engata, embrulha o estômago até do porteiro mais surdo.
– Adorei aquela piada suja e pesada que você contou!
– Qual? A do elefante que caiu na lama?
– Essa! Genial! Não conhecia. É nova, né?
– É. Eu sou assim mesmo.
– Procura se superar sempre?
– Não. Sujo e pesado!
E a gargalhada ecoa pelos arredores, matando os pernilongos a quilômetros de distância.
Nas festas do mercado, os aduladores ajoelham para sair nas fotos com os patrões. Depois publicam as imagens no Orkut com legendas elogiosas e cheias de gratidão. Aí a agência perde um cliente, o chefe esculhamba a equipe inteira e sabe o que acontece? Os mesureiros pegam a foto e correm até a primeira macumbeira formada pela internet.
– É esse aqui, mainha.
– Deixa comigo.
– Bota esse lazarento na boca do sapo, minha mãe, bota.
No fundo, a alegria de todo lisonjeiro é assistir à penúria do lisonjeado. O puxa-saco quer mesmo é puxar o tapete de seu herói. Quer sentir o maior dó quando ele cai doente. Quer chorar no enterro de quem ele tanto admira. Mas enquanto isso não acontece, vai destilando seu açúcar.
Há profissionais de propaganda que não podem se movimentar na cadeira sem os cuidados de um intrépido puxa-saco.
– Majestade chamou?
– Não. Isso foi um pum.
E se o movimento resultar em um deslocamento da sala, piorou.
– Posso ajudar, alteza?
– Não. Estou indisposto. Vou ao banheiro.
– E o magnânimo precisa de ajuda para limpar o popô?
– Não, obrigado.
– Nem aceita um refresco de limão com bastante açúcar?
– Também não.
– A gargantinha de vossa grandeza não está seca, não?
– Não.
– Mas eu vou trazer o refresco assim mesmo. O senhor usa para lavar o cabelo. Fortalece a raiz.
Até que uma hora o elogiado acredita que é mesmo uma pessoa especial e deixa de se superar, começa a se repetir, se acomoda – afinal, tanta gente diz que ele é bonito, rico, esperto, gostoso – e cai no buraco.
Os bajuladores comemoram o fracasso de quem idolatravam e, na manhã seguinte, começam tudo de novo.
– Está bonito hoje, hein, chefe!
– É.
– Tá comendo o que aí? Lasquinha de gengibre torrada?
– Não. Casquinha de nariz. Quer?
– Quero!
Por André Gomes
* Jornalista e publicitário
Fonte: Portal da Propaganda
9 de nov. de 2007
"Internet no bolso torna o jornal impresso reduntante"
Ou como disse Scott Adams, cartunista do Dilbert, num blog: "Quando temos um navegador de internet no bolso, um jornal impresso torna-se redundante."
Bem, acredito que o momento iPod está aí. Ele chegou com o último iPod e seu derivado, o iPhone.
A Apple perdeu uma grande oportunidade ao lançar primeiro o iPhone, em junho, e só depois, em setembro, o iPod Touch, idêntico, mas sem telefone. Se a Apple tivesse lançado o iPod Touch primeiro, teríamos percebido que ele é realmente um computador completo com conectividade Wi-Fi, um navegador de internet capaz de baixar e exibir - e também capturar e compartilhar - todo tipo de mídia: texto, fotos, áudio, vídeo, interatividade. E o iPhone não teria "engolido" o iPod Touch.
Esses novos dispositivos representam a próxima geração do computador: pequeno, enxuto, poderoso, portátil. Tudo o que o computador, a internet e o navegador fizeram pelo conteúdo - permitindo que ele se tornasse infinito, mas pessoal; instantâneo, mas permanente; irrestrito pelo meio, por oferecer todas as mídias; e enriquecido pelo diálogo - agora está na palma de sua mão. Tudo o que você pode fazer na internet também pode fazer no iPhone, em qualquer lugar e qualquer hora.
Durante décadas, observei grupos de pesquisa da indústria dos jornais - os pouquíssimos que existem - tentando inventar o próximo meio de veiculação da notícia. Isso normalmente assume a forma mítica do e-paper, fino e portátil como uma folha de papel e capaz de exibir jornais como jornais - algo bem no estilo Harry Potter.
Também vi muitos jornais e revistas tentando usar a penosa tecnologia PDF para exibir suas páginas na tela exatamente como ficam no papel. Por quê? Ego, imagino, além de comodismo e medo da mudança.
Creio que tudo isso segue na direção errada: para trás. São tentativas de adaptar a tecnologia à velha mídia. O que deveríamos fazer é adaptar a mídia à nova tecnologia. Deveríamos perguntar o que podemos fazer de inédito neste novo iPhone.
Infelizmente, não tenho um iPhone. Meu filho tem, comprado com os lucros dos aplicativos que ele criou para o Facebook. De vez em quando, ele me deixa brincar com o aparelho. E o mais importante é que costumo observar enquanto ele o usa. O que vejo é bastante simples e óbvio: ele está na internet. Pois isso é simplesmente um navegador, sempre conectado.
Se tudo o que o iPod faz é cortar os fios que aprisionavam o navegador, nosso primeiro momento iPod completa 13 anos neste mês: foi o lançamento do primeiro navegador comercial.
E os desafios que enfrentamos desde então são os mesmos que enfrentamos agora, só que mais urgentes: como usar esse dispositivo maravilhoso para fornecer às pessoas as notícias e links na hora, no lugar e do jeito que elas desejarem? Como fazer isso com incrível eficiência? Como tornar isso local e relevante? Como aproveitar a relação de duas mãos que agora temos, permitindo que os donos dessas engenhocas compartilhem o que sabem? Finalmente, eis o que todos realmente querem dizer quando falam do momento iPod: como ganhar dinheiro com isso?
Por Jeff Jarvis - The Guardian (Tradução: O Estado de S.Paulo)
Fonte: Adnews
6 de nov. de 2007
Empresas são de Marte, escolas são de Vênus
O best-seller de John Gray “Homens são de Marte, mulheres são de Vênus” descreve as características intrínsecas da natureza psicológica de homens e mulheres e demonstra que, apesar de seres da mesma espécie, do ponto de vista psicológico, os dois parecem viver em planetas bem distintos.
Da mesma forma, analisando empiricamente o tema, empresas e escolas são instituições que não falam a mesma língua. Parece que as empresas são instituições de um planeta e as escolas de outro.
No planeta das escolas – vamos chamá-lo de “Universivênus” – há duas grandes “classes sociais”: professores e alunos.
Professores detêm poder por possuírem o conhecimento. Alunos, por sua vez, são seres – em teoria – ávidos por conhecimento. O objetivo dos professores é transmitir conhecimento para formar bons profissionais.
Docentes precisam medir o conhecimento de seus alunos e para isso fazem avaliações (leia-se provas). Alunos sabem que, para conseguirem aprovação, precisam se esforçar, estudar muito.
No planeta das empresas – vamos chamá-lo de “Marteoumorra” – a coisa é diferente. As “classes sociais” não são tão bem delineadas, apesar de existirem dois grandes grupos: a figura que detém o poder – o chefe – e a que precisa se esforçar para conseguir bons resultados – o funcionário.
Chefes – em teoria – querem extrair o melhor de sua equipe para conseguir os resultados de que a empresa tanto precisa. Já os funcionários precisam desempenhar bem suas funções para que permaneçam importantes e necessários para a empresa e consigam futuras promoções.
Da mesma forma que os professores de Universivênus, os chefes precisam avaliar seus funcionários e o resultado pode gerar promoção, uma reunião ou até demissão. Porém, em Marteoumorra não é só o conhecimento que conta. Calcula-se também – e muito – como a empresa o enxerga e como pode ser útil. Diferentemente do que ocorre em Universivênus, onde os melhores alunos são os que tiram as maiores notas, em “Marteoumorra” é fundamental ter um ótimo relacionamento com sua equipe de trabalho – incluindo seu chefe.
Os valores de cada um desses planetas são bem diferentes. Enquanto em Universivênus um ser pode se isolar do mundo e ainda assim tirar a maior nota da classe em uma prova, em Marteoumorra conta muito ter bons contatos por todo o planeta. É preciso se relacionar, conhecer outros seres da mesma espécie, mostrar flexibilidade e adaptação. Caso contrário, mesmo sendo “o que mais estuda”, é provável que você não seja o mais bem avaliado.
O sucesso na empresa é subjetivo
O que mais frustra um ser de Universivênus é se esforçar muito e sua nota ficar aquém do que esperava. Porém, há certa objetividade nos métodos de avaliação em Universivênus. Por outro lado, em Marteoumorra, a subjetividade impera na maioria das vezes. O sucesso não depende apenas do funcionário. Sozinho é quase impossível prosperar em Marteoumorra.
Quando um ser do planeta Universivênus faz uma viagem e pousa no planeta Marteoumorra, começam a surgir as mudanças em seu comportamento. O ser “aluno” quando deixa seu planeta de origem torna-se funcionário. O problema é que sempre que um novo ser de Universivênus chega em Marteoumorra, espera-se que este já conheça os valores e como as coisas realmente são no novo planeta.
Fato que não ocorre, gerando assim muita frustração nesta relação. Daí os seres de Marteoumorra dizerem que esperavam mais dos seres de Universivênus ou que em Universivênus a teoria é muito valorizada quando na verdade o que importa é a prática – altamente valorizada em Marteoumorra.
Voltando à Terra, percebe-se que os recém-formados chegam ao mercado de trabalho sem os conhecimentos necessários para desempenharem suas funções em seu primeiro emprego. Porém, estes mesmos jovens foram destaques no meio acadêmico. Não há convergência entre ambientes empresariais e acadêmicos. São raras as empresas que promovem seu funcionário automaticamente quando este se forma ou obtém um título de Mestre ou Doutor. Portanto, há claramente uma incoerência na relação Empresa-Escola.
É preciso investir em Educação. Só assim, empresas terão melhores profissionais e escolas formarão melhores cidadãos, mais aptos a sobreviverem e prosperarem na sociedade. Sem o apoio das grandes empresas, muitos alunos continuarão a passar anos e anos nas escolas – desde o ensino básico e fundamental até níveis superiores – aprendendo muita coisa inútil para sua vida profissional futura.
Continuarão a sair das escolas sem dominar um segundo idioma e, em muitos casos, estarão competindo por subempregos ou empregos em áreas totalmente distintas daquela na qual se formaram.
Creio que já deveriam existir inúmeras parcerias entre empresas e escolas nos mais diversos níveis – básico, fundamental, técnico, universitário. É preciso rever a educação no país de forma a aproximar sua grade curricular ao que é necessário para o desenvolvimento estratégico do país.
Professores deveriam ser mais valorizados pela sociedade e pelas empresas. Alunos deveriam aprender conteúdos importantes para o mercado prático de trabalho. Isso só será possível com maiores investimento do governo e das empresas em educação.
Não necessariamente, maiores quantias de dinheiro, mas sim, melhor planejamento estratégico, organização e o envolvimento efetivo das empresas. É preciso que as empresas enxerguem que a mão-de-obra qualificada e barata tão procurada está mais perto do que se imagina. E no mesmo planeta!
Por Glauter Jannuzzi
Fonte: Websinder
Orkut: Novas orientações sobre crimes
Bom, da data do primeiro artigo (1) (10/01/2006) até a data de hoje (10/03/2007), o Orkut cresceu cerca de 300%, sendo que hoje há quase 50 milhões de usuários cadastrados, destes, estima-se que há aproximadamente 30 milhões de brasileiros.
Muitos são os casos relatados de pessoas que tiveram seu orkut "clonado". Mesmo pessoas que nunca se cadastraram estão tendo suas identidades utilizadas por pessoas de má índole. Isso sem falar nos diversos outros crimes praticados pelos usuários deste serviço (racismo, pedofilia, discriminações diversas, incitação à violência, pornografia, spam, etc.).
Nos casos de perfil "furtado", os criminosos utilizam-se de, dentre outras, técnicas de phishing scam e trojans para capturar senhas diversas, dentre elas, de usuários do Orkut, assim, os malfeitores não utilizam a técnica da criação de um perfil falso (fake), mas sim a utilização do perfil original criado pela própria pessoa, que será prejudicada em seguida.
Muitas são as informações, matérias e reportagens sobre o assunto e percebe-se que as estatísticas de crimes cometidos em ambiente eletrônico estão maiores a cada dia. O site da Safernet (uma associação civil de direito privado, com atuação nacional, e sem fins lucrativos ou econômicos, que busca assegurar a liberdade de expressão e o desenvolvimento livre e saudável do ecossistema que forma a Internet no Brasil) se esforça em elaborar uma estatística e formas de trabalho para combate, mas a quantidade de denúncias é enorme, beirando as 100 mil só no ano de 2006 (2).
Assim como no primeiro artigo, nossa intenção é fazer com que o usuário saiba os primeiros passos a serem seguidos em casos como os acima relatados. Neste texto iremos dar um enfoque diferenciado, dando sugestões para que o dano seja minimizado, e ao mesmo tempo, dando auxílio para que o mau elemento possa ser descoberto e punido.
Ao descobrir que está sendo vítima, a primeira coisa a ser feita, imediatamente, é salvar todas as telas "diferentes", "interessantes", "agressivas", alteradas ou criadas em seu perfil, utilizando o Print Screen ou o comando "Salvar Como" do seu navegador de Internet. No caso de perfil fake, salve todas as telas. Guarde estes arquivos em local seguro, e salve-os imediatamente em uma mídia externa, como um CD, de preferência não regravável, pois depois você precisará deste CD.
Feita a prova da materialidade do crime (sim, crime), é hora de providenciar a retirada deste perfil do ar. Mesmo sendo improvável obter resultado, tente entrar em contato com a pessoa pedindo que as informações sejam retiradas e que o mesmo cesse seus atos. Feizmente, ainda que não seja de forma imediata, o Orkut tem atendido aos pedidos dos próprios usuários, quando os mesmos se manifestam em uma ferramenta disponibilizada por eles mesmos, a de "Denunciar abuso", no canto esquerdo da tela. Peça a todos os seus amigos para fazerem o mesmo, pedindo que os mesmos façam uma descrição no campo apropriado, isso pode agilizar o serviço dos administradores do site, que devem trabalhar de acordo com a demanda. Não esqueça de dizer que seu perfil foi clonado e explique direitinho o que aconteceu. Para isso, você pode criar outro perfil, ou pedir a algum amigo este favor.
É interessante também enviar, imediatamente, uma correspondência registrada ao administrador do site, solicitando a retirada do perfil ou da página ilegal ou abusiva do ar. Veja como fazer no site da Safernet (3).
Enquanto as denúncias são feitas, é hora de tentar encontrar o culpado. Tente verificar se há a possibilidade de ser algum conhecido, analisando as palavras, expressões, comentários utilizados na construção ou alteração de seu perfil. Desconfie de algumas informações postadas, elas podem entregar o elemento. Comente com alguns amigos sobre o ocorrido, pedindo ajuda na análise, pois na grande maioria das vezes em que um perfil é criado com seus dados pessoais, com a intenção de difamar, caluniar ou injuriar, é possível que seja "obra" de algum rival ou desafeto, e que tais atos geralmente são ocasionados por inveja ou desentendimentos da vida cotidiana. Essas informações serão importantes no momento em que procurar a Polícia para registrar o ocorrido, mas cuidado para não acusar ninguém indevidamente, essas pessoas deverão sempre ser tratadas como "suspeitas" e da forma mais discreta possível, de preferência sem espalhar tal desconfiança de forma aberta e pública.
Em seguida, busque uma Delegacia de Polícia Civil de sua cidade a fim de registrar o ocorrido. Antes, porém, verifique se há alguma Delegacia especializada em crimes eletrônicos. Para conseguir esta infomação, ligue para a central da Polícia Civil (os números são diferentes em cada estado, olhe na Lista Telefônica de sua cidade). Se houver, é para lá que você deverá se dirigir. No site do Safernet há alguns endereços de Delegacias especializadas (3). Não esqueça de levar as provas e indícios colhidos até o momento. Lembra do CD com as páginas salvas? Ele é importantíssimo para facilitar o trabalho da Polícia. Não esqueça que a grande maioria dos órgãos de segurança pública estão com defasagem de material humano e de equipamentos, assim, o que puder ser feito para facilitar a vida deles, será muito útil. Qualquer tipo de prova, desde que não tenha sido criada de forma ilegal, pode ser analisada neste período de investigação policial, inclusive prova testemunhal, de "saber que foi Fulano" ou de "ter ouvido falar que foi Cicrano". O profissional da Polícia Civil que te atender saberá distinguir e filtrar as informações.
É importante que a "queixa" seja registrada, pois só assim o Estado saberá que o índice de crimes eletrônicos está sendo alavancado, possivelmente pela "ingenuidade" dos usuários e pela infeliz impunidade. Mesmo que não tenha nenhum suspeito, ou que queira esquecer o ocorrido, não deixe de prestar a queixa-crime, pois mesmo que a Polícia não venha a resolver seu problema de forma direta, o Estado saberá que a quantidade de "crimes eletrônicos" cresce de forma respeitável, e que alguma atitude deverá ser tomada, mesmo que de forma tardia. Logo, o registro da ocorrência é de suma importância. Alguns estados disponibilizam a possibilidade de a queixa ser registrada em ambiente eletrônico, para saber, visite o site da Polícia Civil de seu estado.
Em seguida, acesse o site da Safernet (www.safernet.org.br) e denuncie. Eles estão fazendo um ótimo trabalho recolhendo informações e elaborando estatísticas que também terão boa utilizaçao junto ao Governo, assim como trabalhando na orientação e conscientização dos internautas brasileiros.
Basicamente estes são os passos que devem ser seguidos para sanar o problema. Em seguida, acompanhe o andamento do inquérito policial, e avise sempre que tiver informações que possam ajudar a Polícia ou a Justiça a encontrar o culpado. É neste momento que o Orkut (Google Brasil) será intimado, a fim de que forneça os dados que forem considerados importantes para a conclusão da investigação.
Achamos interessante que um advogado da área seja procurado, a fim de acompanhar o andamento da investigação, ou para verificar a possibilidade de ajuizamento de alguma ação judicial (veja nosso primeio artigo sobre Orkut Clonado). Para saber o endereço da Google no Brasil entre no site do item (4) das notas de rodapé ao final deste texto.
E para finalizar, não custa dar algumas sugestões aos usuários destes sites de relacionamento, categoria na qual o Orkut é o mais utilizado. Tais dicas irão ajudar não só para diminuir perfis falsos, como evitar outros crimes:
* Inicialmente, tenha uma senha segura (que não seja sua data de nascimento, por exemplo) e modifique a regularmente;
* Nunca disponibilize informações pessoais como nome completo, nome dos pais, endereço residencial, telefone, local de trabalho, renda, locais que costuma frequentar e outras informações que possam dar dicas de como te encontrar pessoalmente;
* Não coloque fotos sensuais ou muito chamativas. Para avaliar, publique somente as fotos que mostraria aos seus familiares ou colegas de trabalho;
* Não utilize os "scraps" para dizer onde poderá ser encontrado. Se assim o fizer, certifique-se que depois de lido, tais recados sejam apagados;
* Uma boa dica é sempre apagar os recados (scraps). Evitar que curiosos saibam de coisas de sua vida é sempre bom;
* Não coloque fotos do local onde mora e de bens que possam chamar a atenção de ladrões;
* Não clique em nenhum link mandado por scrap, testemunho ou mensagem, mesmo vindo de amigos, há uma grande possibilidade de ser malicioso;
* Não clique em links recebidos por e-mail sem ter a certeza absoluta de que o mesmo é confiável, mesmo vindo de algum amigo ou conhecido;
* Leia com atenção a Política de Privacidade, Termos de Uso e Central de Segurança do Orkut com atenção, disponível no rodapé do seu perfil. Pode parecer tempo perdido, mas vale a pena;
* Não confie em qualquer pessoa que apareça. Nem sempre ela estará dizendo a verdade, ainda mais em ambientes eletrônicos, pois é fácil esconder a verdadeira identidade;
* Sempre quando se deparar com material inapropriado, denuncie;
* Navegue pelo site do Safernet, atualizando-se sobre o assunto e sanando suas dúvidas.
Por Rafael Correa
* Delegado da Polícia Civil do ES. Graduado em Direito e Pós-Graduado em Direito Processual Civil pela FDV. Autor de diversos artigos na área do "Direito Eletrônico" e "Direito e Internet".
Fonte: iMasters
Acesso não autorizado a redes sem fio e a legislação brasileira
Wardriving é, basicamente, uma prática em que, na direção de um veículo pelas ruas da cidade, munido de um notebook equipado com uma placa de rede sem fio, parte-se em busca de redes wi-fi (wireless fidelity) abertas ou que possuam falhas na sua segurança, com o intuito de acesso à Internet de forma gratuita.
Warchalking é um termo criado para designar a ação de marcar com giz, ou de alguma outra forma visível aos transeuntes, a presença de pontos de Internet a radio (wi-fi) que têm redes inseguras ou abertas, já previamente detectadas pela prática do wardriving. Foram criados, inclusive, adesivos e símbolos para difusão das informações.
Sem nos aprofundarmos na parte técnica das condutas, após rápida navegada pela web percebemos que são práticas bastante difundidas nos Estados Unidos e em diversos países, inclusive no Brasil. A ação é tão conhecida que no dia 03 de novembro de 2001 foi criado o Dia Mundial do Wardriving, comemorado anualmente naquela data. Uma busca simples pelo Google trará diversos resultados com páginas bem interessantes.
Vamos iniciar nossa análise, a fim de que possamos concluir sobre a legalidade ou não de tais práticas. Nossa primeira análise vai partir de nossa Constituição Federal.
I. Legislação vigente
O inciso X do artigo 5º da Constituição da República prevê a inviolabilidade do sigilo das correspondências e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e nas formas que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Este inciso protege um direito fundamental de suma importância para a análise do presente assunto. Ele trata, no âmbito do nosso estudo, da inviolabilidade do sigilo das comunicações de dados, ou seja, o sigilo de toda e qualquer transmissão de dados é protegido por lei e, conseqüentemente, não deve ser violado.
Partindo desta informação inicial, chega-se à simples conclusão de que a interceptação de dados de terceiros, quando não autorizada judicialmente (nos casos previstos em lei) é ilegal, seja por qual meio for. Assim, a prática não autorizada pela Constituição é a de violar o sigilo de transmissão de dados, como ler um e-mail alheio, por exemplo, tema controverso que será abordado no próximo artigo.
A Constituição protege o sigilo das informações que estão sendo transmitidas por ambiente eletrônico. Mas e se nenhum dado de terceiros for violado? A prática do wardriving e a do warchalking, em teoria, não engloba a invasão de dados de terceiros, somente, em tese, a utilização de sua rede wi-fi para acesso à Web. Temos de partir para uma melhor especialização e análise de leis infraconstitucionais, como o Código Penal, por exemplo. O artigo 153 prevê que "divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem" configura um ilícito penal. Entendemos que tal prática se aproxima da conduta não autorizada pela Constituição da República (violar sigilo de transmissão de dados), sem também se aproximar da prática do wardriving ou do warchalking. Mas devemos explorar melhor a legislação de nosso país, que, infelizmente, é bastante pulverizada e extensa.
Há quem defenda, e eu ouso discordar, que o artigo 155 § 3º do Código Penal (Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa móvel alheia. § 3° Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.) poderia ser aplicado ao caso, mas tal opinião vai contra nosso entendimento, pois a lei se refere à energia elétrica ou outro tipo de energia que tenha valor econômico. É cristalina a diferença entre energia e ondas de rádio, sendo, portanto, ao meu ver, inaplicável tal dispositivo legal. Entendo que a intenção do legislador foi a de proteger quaisquer outros tipos de energia que por ventura viessem ou venham a ser criados.
Analisando a Lei 9.296/96, que trata da interceptação telefônica, o parágrafo único do artigo 1° nos traz que o disposto naquela "lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática". Há discussão em relação à constitucionalidade deste parágrafo único, pois o texto da Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 5°, inciso X, traz que somente poderia haver interceptação legal no caso das comunicações telefônicas, sendo que para esta corrente, seria ilegal a interceptação de dados informáticos, mesmo com autorização judicial.
Também não é nosso objeto tal discussão, pois o que nos interessa é o artigo 10 da Lei de Interceptação Telefônica (Lei 9.296/96), que dispõe que "constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou de telemática (...) sem autorização judicial".
A expressão "interceptar" parece ter sido utilizada de forma menos abrangente que a "intenção" da lei, pois nos traz o sentido de interromper, obstar, impedir, apoderar-se do que é dirigido a alguém, mas a prática e a análise do "animus" do legislador nos levam a entendimento contrário. É só pensar numa "interceptação" telefônica. Sabemos tratar-se somente de uma "escuta", com ou sem a gravação da conversa, sem conhecimento dos que estão sendo "gravados", sem interromper ou perder algum dado da ligação. E da mesma forma deve ser pensada a interceptação de dados informáticos.
Assim, para os que entendem ser constitucional a interceptação de dados de informática e telemática (Luis Flávio Gomes e Guilherme de Souza Nucci) tal conduta sem autorização judicial configura o crime do artigo 10, e da mesma forma, seguindo os ensinamentos dos nobres doutrinadores que defendem a inconstitucionalidade (Vicente Greco Filho e Luiz Francisco Torquato Avolio), a interceptação sem autorização também estaria tipificada pelo mesmo artigo 10 da Lei. 9.296/96. Por este motivo que a discussão em relação à constitucionalidade da lei nos parece ser inerte em nosso estudo atual, apenas no que se refere ao tema abordado.
Importante atentar para o fato de que a tipificação acima diz respeito às situações em que há interceptação de dados que estão sendo transmitidos ou recebidos pela suposta vítima. Os praticantes do wardriving e do warchalking se defendem com o argumento de que não acessam dados da vítima, somente fazem uso de sua conexão de Internet, imaginando que tal conduta não prejudica ninguém.
Vez por outra a mídia noticia sobre ligações clandestinas ("gatos") em TVs a cabo. Será que há alguma semelhança entre as condutas objetos deste estudo e a "GatoNet"? Entendemos que sim, pois em ambas, teoricamente, a vítima não é prejudicada (no caso da Internet, a velocidade de conexão da vítima poderá ser prejudicada nos momentos em que o intruso a utiliza), só estaria pagando para que um "mais esperto" utilize eu serviço, que normalmente não é barato.
Em que pese serem condutas muito parecidas, há entendimento pacifico em relação à prática do "gatonet", configurando-a como crime. Porém, em relação ao wardriving sem acesso a informações e dados da vítima, não há corrente majoritária bem definida. Muitos defendem a corrente de equiparação ao furto de energia que tenha valor econômico. Parece que esta tese é bem aceita pelo Judiciário, apesar de aparentemente não condizer com a realidade.
II. O projeto de lei
Ademais, importa salientar que existem diversos Projetos de Lei tratando sobre Crimes Eletrônicos, porém três dos mais importantes [Projeto de Lei da Câmara (PLC) n° 89, de 2003 (n° 84, de 1999, na origem), e os Projetos de Lei do Senado (PLS) n° 137, de 2000, e n° 76, de 2000] foram unidos em um único PLC, atualmente em trâmite no Senado Federal, sob n.° 89/2003.
Neste projeto, que deveria ter sido votado no primeiro semestre de 2007, conforme promessas do Relator do Projeto, o Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), há a previsão de que a conduta tratada neste artigo passe a ser considerada crime, criando o artigo 339-A no Código Penal Brasileiro:
Art. 339-A. Acessar indevidamente, ou sem autorização, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem fornece a terceiro meio indevido ou não autorizado de acesso a dispositivo de comunicação ou sistema informatizado.
§ 2º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se vale de anonimato, de nome suposto ou da utilização de identidade de terceiros para a prática de acesso.
Alguém deve estar imaginando: Quem seria louco de sair com um notebook na rua e ficar dentro de um veículo navegando na Internet, se expondo ao risco de ser assaltado, só para poder economizar com um serviço de Internet? Eu mesmo respondo: Esta conduta facilita a ação de crackers e outros criminosos "virtuais" do ambiente eletrônico, fazendo com que a sua localização se torne quase que impossível, facilitando diversas condutas criminosas.
Importa salientar que há formas, bem simples, de proteger sua rede wi-fi, por meio da utilização de criptografias. A maioria dos equipamentos à venda no mercado nacional e internacional traz este dispositivo.
III. Conclusão
Após pesquisa e leitura de diversos autores, pude formar a minha opinião no sentido de que as práticas do wardriving e do warchalking, apesar de serem não éticas e não recomendadas, ainda não se encontram tipificadas como crime na legislação vigente no Brasil. Importa salientar que há entendimentos contrários, inclusive de Delegados de Polícia e de Magistrados que continuam a entender tratar-se de "furto de sinal", e, em que pese a dificuldade de flagrar alguém na conduta, e o fato de a instauração de procedimento policial de investigação depender de "queixa" da vítima, continuo desaconselhando a prática do wardriving e do warchalking.
Aguardemos, então, a provável aprovação da Lei de Crimes Eletrônicos.
Por Rafael Correa
* Delegado da Polícia Civil do ES. Graduado em Direito e Pós-Graduado em Direito Processual Civil pela FDV. Autor de diversos artigos na área do "Direito Eletrônico" e "Direito e Internet".
Fonte: iMasters
27 de set. de 2007
Você tem 7 idéias. Eles tem 3 minutos
Você tem a chance de mostrar seu portfólio a alguns dos melhores diretores de criação do mercado. Como nada é perfeito, há um problema: o tempo deles é curto e os candidatos são muitos. O que fazer? Seguem 21 dicas:
01. Respire. A emoção pode ser grande, mas nunca o suficiente para comprometer a qualidade da apresentação. Ao chegar sua vez, respire fundo duas ou três vezes antes de falar. Isso costuma baixar a pulsação e diminuir a ansiedade, o que naturalmente reduz velocidade da fala. Ao falar mais pausadamente você transmite segurança, clareza e faz com que o encadeamento de idéias seja mais natural e compreensível, o que facilita sua avaliação.
02. Olhe nos olhos. Mas não encare nem desafie. Lembre-se que eles são gente como você, e que já passaram por situações como esta várias vezes na vida. Isso não significa que devam compreendê-lo ou ajudá-lo, mas que podem levar em conta eventuais deslizes ou imperfeições.
03. Eles já viram coisa melhor. E não foi de você. Esse tipo de profissional costuma estar em contato com o que há de melhor na sua área. Por melhor que seja sua idéia, não espere admiração. Se o que você apresenta tem valor, ele será reconhecido na medida adequada.
04. Apresente-se. E cumprimente as pessoas. Se você quer causar uma boa impressão, pense na conduta que deixaria sua avó orgulhosa. Alguns valores são perenes.
05. Seja discreto. Humilde talvez seja a melhor palavra. Sua idéia deve ser melhor que você. Quanto melhor o profissional, menos ele fala de si e mais de sua obra.
06. Evite firulas. Não há tempo para gracinhas, efeitos especiais e maquiagens que só desviam a atenção do material a apresentar. Lembre-se da recomendação 3 e pense que, se o efeito for melhor do que a peça, ele a desvalorizará. Na melhor das hipóteses, o trabalho terá sido inócuo.
07. Evite piadas e trocadilhos. Lembre-se que chavão só abre porta grande e evite qualquer frase feita, argumento de livro de auto-ajuda ou expressão do corporativês, como maximização de mindshare, seja lá o que isso signifique.
08. Tenha ritmo. A apresentação e as peças devem fluir naturalmente, sem quebras ou sustos. Pense na forma com que programas de notícias encadeiam assuntos e busque uma linha de raciocínio que mostre que, por trás daquele material aparentemente desconectado, existe uma filosofia criativa uniforme.
09. Ensaie. Apresente suas peças para amigos, família, professores. Ouça os comentários deles que, mesmo que não entendam "nada" de talento, tendências ou design, certamente sabem mais de relações humanas que você, obcecado na venda de seu peixe.
10. Não generalize. Por mais que a publicidade convencional insista em afirmar o contrário, nem todo homem é igual, nem toda criança pensa igual, nem todo paulista vive igual. Generalizar é perigoso e uma afirmação que soe preconceituosa pode causar vexames destruidores para sua apresentação e imagem como um todo.
11. Seja correto (politicamente, diga-se). Não importa o que você pense. Discordo do ponto de vista de vários amigos meus, mas conheço-os a tempo suficiente para não poder julgá-los por isso. Você não terá esse benefício. Lembre-se da recomendação anterior.
12. Evite intimidades. O mercado publicitário é informal e pequeno o suficiente para que muitos sejam amigos e se tratem informalmente, mas essa intimidade é adquirida, não automática. Como regra geral, trate o outro como é tratado e isso poupará uma série de problemas.
13. Concentre-se na idéia. É por causa dela que você está ali, não desvie o assunto. Se você morou em Londres, isso não é assunto. A política e a economia tampouco. Todos estão ali com um objetivo em mente. O resto é secundário, e pode ser abordado em outra ocasião.
14. Seja claro. Do que trata sua idéia? Qual seu objetivo? Público? Formato? Diferencial? Resposta esperada? Uso da mídia? Você têm as respostas na ponta da língua? Então reexamine as peças.
15. Seja consistente. Evite contradições. Todas as peças de sua apresentação devem refletir uma filosofia de trabalho sólida e coerente, que, em última hipótese, simboliza o que você acredita e como trabalha. Essa linguagem subliminar é mais importante que qualquer peça apresentada.
16. Relaxe e improvise. Não seja "engessado", caso contrário parecerá que a idéia não é sua. Não se prenda a um script e esteja à vontade para pular partes ou exemplificar comentários apresentados. Se questionado, não apresente respostas-padrão. Pense em telemarketing e faça o contrário. Para isso, use sempre a recomendação 1.
17. Seja relevante. Nem publicitários acreditam que suas peças mudarão o mundo ou farão história, mas todos querem que seus objetos criativos sejam importantes, pelo menos temporariamente. Para isso é fundamental que tragam conteúdo e que representem um papel significativo no conjunto da comunicação.
18. Abandone o óbvio. Se você viu algo no YouTube, seu amigos também já viram. Se uma solução criativa foi desenvolvida para uma grande marca, certamente você não será o primeiro a ver. O que dizer então daquele efeito de animação, daquela paleta de cores, daquele estilo de ilustração que todo mundo comenta? Simples: se passar pelo crivo da recomendação 17, pode seguir em frente. Caso contrário, é melhor partir para outra.
19. Escute. E nunca, nunca, discuta. Se eles não entenderam o que você disse, é porque você não explicou direito. Paciência, fica para a próxima. Você deve viver de um conjunto de idéias e ter segurança suficiente para não se apegar a nenhuma delas. Se você não concorda com o julgamento, talvez seja avançado demais para a época. Tanto faz. Não vai ser ali que você conseguirá expor seu ponto de vista. Não há tempo para isso.
20. Agradeça. Ao final da apresentação lembre-se que, por pior que tenha sido sua avaliação, ela é extremamente válida. Mesmo que você discorde de tudo, agradeça. Lhe foi feito um favor, mesmo que você demore algum tempo para reconhecer.
21. Aprenda. A troca de idéias é fundamental para a evolução, mas isso só acontece quando há aprendizado. Ou seja, quando o indivíduo, confrontado em seu ponto de vista, se predispõe a mudá-lo. Crianças mimadas, fanáticos religiosos e imbecis em geral têm em comum a incapacidade de compreender o ponto de vista do outro e, nesse processo, crescer.
Se essas dicas deixaram você mais nervoso ainda, um segredinho: praticamente ninguém consegue seguir todas elas. Minha inspiração para escrevê-las foi com base nas oportunidades que perdi ao longo da vida por não respeitá-las. Se por acaso você estiver com bloqueio criativo, dê uma olhada aqui que talvez ajude.
Por Luli Radfahrer
Luli Radfahrer (e-mail) é PhD em Comunicação Digital, tendo dirigido a divisão de internet de algumas das maiores agências de publicidade, bem como dos maiores portais do país. Professor-Doutor da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Diretor Associado do Museu de Arte Contemporrânea do Rio de Janeiro.
Fonte: iMasters
21 de set. de 2007
Marketing é coisa do passado
A estrada de ferro foi inventada no final da década de 1820, na Inglaterra, para conectar a cidade de Manchester, um grande centro têxtil, a Liverpool, o porto de onde o algodão e a lã eram exportados. Ninguém imaginava que 50 anos depois, separado por um oceano e em outro continente, o trem mudaria a forma como a carne iria para o mercado. A ferrovia, como infra-estrutura, permitiu o surgimento e consolidação de marcas como Johnson & Johnson (1886), Procter & Gamble (1837) e Kodak (1887), presentes até hoje em nosso cotidiano.
Mudanças em infra-estruturas básicas, ou seja, no contexto geral no qual um negócio específico acontece, freqüentemente não estão relacionadas com esse negócio. A televisão, por exemplo, teve um profundo impacto no marketing de produtos de consumo - desde produtos de alto preço unitário, como carros, até aqueles com preços inexpressivos, como refrigerantes. Nem os fabricantes de automóveis nem os de refrigerantes tiveram algo a ver com as tecnologias que fizeram a televisão possível. Entretanto, o sucesso do uso dessa nova forma de comunicação se tornou essencial para o mercado dos produtos e alterou a alocação dos investimentos em marketing das empresas. A Revlon, por exemplo, estabeleceu sua marca na indústria de cosméticos patrocinando programas de TV na década de 1950. As empresas que foram ágeis em reconhecer as implicações de novas tecnologias em seus próprios negócios ganharam vantagens competitivas que duraram anos ou décadas.
Segundo o professor Richard S. Tedlow, da Harvard Business School, a história do marketing pode ser dividida em quatro fases. A primeira foi a da Fragmentação, caracterizada por uma estratégia de altas margens, baixos volumes e mercados limitados geograficamente. A segunda surgiu com a Unificação de mercados, caracterizada por altos volumes, baixas margens e a incorporação de toda uma geografia num grande mercado de massa. A terceira foi a da Segmentação, caracterizada por altos volumes, preços baseados em valor (benefícios totais comparados aos custos totais) e uma divisão de mercados baseada em demografia e perfis psicológicos. Tedlow não nomeou a quarta fase, apenas definindo que sua infra-estrutura básica seria proporcionada por uma revolução na informação e na comunicação.
Uma boa denominação para essa quarta fase, que estamos presenciando hoje, seria a da Personalização. As empresas devem tratar diferentemente consumidores que são diferentes entre si. Onde há clientes, existem relacionamentos. Para que o relacionamento fique mais próximo, fácil e ágil, as empresas devem empregar adequadamente a Tecnologia da Informação. Conceitos e estruturas como ERP, CRM, ECR e a Internet permitem que as empresas vendam aos seus clientes de uma forma cada vez mais personalizada. A interatividade da Internet, sincronizada com as informações mais detalhadas que as empresas passam a dispor - e tirar vantagens - a respeito delas mesmas e de seus clientes ao adotarem tecnologias de planejamento de seus recursos e de gerenciamento do relacionamento com seus clientes, permite que essas empresas rompam barreiras psicológicas, de tempo e espaço. A organização consegue ter uma melhor percepção sobre seu cliente e, independentemente de local e hora, oferecer produtos e serviços personalizados para satisfazer as necessidades e desejos desse cliente, tratando-o como indivíduo.
Por que empresários interessados no sucesso de suas empresas devem ficar atentos ao passado? Sabemos que a história não se repete e prognósticos de prestígio se mostram errados com freqüência. Embora seja impossível se ter um conhecimento exato do que ocorreu no passado, conhecê-lo pode ajudar a nos desprender de nossos próprios preconceitos.
O impacto de novas tecnologias na forma de se fazer negócios é inexorável e evolutivo. Novas tecnologias sempre definem a infra-estrutura básica para a próxima evolução. As estradas de ferro só foram possíveis após a invenção do telégrafo, pois só assim as pessoas conseguiam saber rapidamente onde os trens estavam em seu percurso.
O interessante de se voltar os olhos para a história do marketing, vendo como empresas evoluíram a partir da adoção de novas infra-estruturas, é porque assim derrubamos nossos preconceitos quanto à utilização de novas tecnologias e adquirimos o correto senso de urgência em sua adoção. Quando uma nova tecnologia surge, é impossível voltar atrás. Ou a empresa rapidamente incorpora em sua estratégia o novo contexto que surge, ou então aceita os riscos e os desdobramentos de não fazê-lo: mudar de foco, encolher ou morrer.
As empresas que rapidamente entenderem os diferenciais que novas tecnologias podem dar aos seus negócios - e aplicá-las - conquistarão vantagens que durarão por muito tempo. Esses empresários e executivos terão a oportunidade de definir hoje o passado de seu sucesso no futuro.
Por Renato Romeo - sócio-diretor da SaleSolution
Fonte: Adnews
18 de set. de 2007
Investir cada vez menos em comerciais de 30'
Um tema muito discutido durante a entrevista foi o fato de que a P&G tem investido cada vez menos nos comerciais de 30 segundos. De acordo com Stengel, essa é uma tendência que veio para ficar. Até pouco tempo atrás, 85% do investimento era concentrado em TV. Daqui pra frente, o investimento será mais fragmentado, incluindo aumento em online e mobile - lógico que respeitando as caracteristicas de cada mercado. Segundo ele, o conceito de concentrar a conta em apenas uma ou duas agências tambem está ultrapassado. É preciso trabalhar holisticamente, mas com ótimas empresas de design, ótimas empresas interativas, de mídia, de agências publicitárias e de relações públicas. A P&G procura sempre idéias fantásticas, mas tambem agências que tenham culturas diferentes, e assim, possam ser boas parceiras e complementares.
Mais importante que as mudanças no marketing da P&G, a entrevista de Stengel sugere a mudança do profissional de marketing. Está ainda mais importante ser curioso, ser um investigador, fazer perguntas, procurar coisas novas. Muita gente já disse isso antes. Mas quando vem do dono do maior talão de cheques publicitário, é preciso escutar e agir.
Por Claudio Zibenberg
Fonte: Blue Bus
14 de set. de 2007
O poder e a força das comunidades
Desde os primórdios, a Internet é um meio facilitador desse processo, ela viabiliza rapidamente o contato e a busca por semelhantes. Hoje temos mais de 170 milhões de pessoas no mundo envolvidas de alguma forma em comunidades virtuais, utilizando ferramentas web 2.0. Quando o assunto é rede social, o Brasil lidera o ranking seguido por México e China.
Quando essas pessoas se unem para discutir sobre um tema de seu interesse, a força que emerge deste processo é enorme, visto que elas tem paixão pelo assunto e irão inserir novos conteúdos para provar e incrementar suas teses.
Como funcionam então as "biocomunidades digitais": Primeiro ocorre o processo de envolvimento com conteúdos de interesse através dos Agregadores (RSS), auto-organização utilizando os localizadores (folksonomia), e em seguida ocorre o encontro com outros membros por meio dos aproximadores (profiles) e, com a ajuda dos comunicadores (messenger), tecem-se as redes de interação. Mas, de fato, uma comunidade somente chega a sua essência quando as mentes criativas partem para a colaboração (diggs e comments), chegando ao seu objetivo final que é a pulverização (convite a novos membros).
É um processo biológico e digital funcionando 24 horas por dia. É simplesmente a opinião passando totalmente para as mãos dos usuários sem que haja um poder central e influência de quem quer que seja.
Como ficam as empresas e seu marketing neste cenário de descentralização gerado pelas comunidades? Não devem tentar vencê-las, devem se juntar a elas! Mas, lembre-se, é preciso ter coragem, deixar de lado todos os preconceitos e conceitos clichês de marketing e partir para a pró-ação.
Entrar de corpo e alma, preparar profissionais de marketing para serem os maiores agentes colaboradores da comunidade. Aproveitar o poder financeiro da instituição para trabalhar de forma honesta, verdadeira e criativa, sem cobrar nada em troca. Prover conteúdo de qualidade que agregue valor ao grupo e faça valer sua presença com cadeira e voz ativa.
A marca e o produto de uma empresa não são mais fatores isolados, eles precisam estar contextualizados, ganhar vida, precisam passar opinião, receber críticas para poder superá-las e continuarem sobrevivendo e crescendo.
As empresas precisam começar a investir na produção e geração de conteúdo. Precisam considerar em seu cardápio de soluções e produtos, o conteúdo complementar e de valor agregado. É uma nova unidade de negócios que precisa nascer nas empresas. A partir de agora, produzir um novo tênis é estar pensando ao mesmo tempo como ele se encaixará no dia-a-dia das comunidades e que papel exercerá. Somente assim ele terá importância, caso contrário será apenas mais um na multidão.
A princípio pode parecer utopia para as missões lucrativas de uma corporação, mas não é, é um investimento a médio e longo prazo, é definitivamente a forma mais barata e eficiente de se fazer um marketing que jamais existiu. O problema é que não há mais tempo para grandes reflexões. O trem deixou a estação já faz algum tempo e a uma velocidade exponencial.
O poder viral das comunidades pode chegar a dez, cem, ou mil vezes a frente do mesmo processo feito de forma isolada (one to one). Até o conceito de CRM deveria se modernizar para C&CRM (Custommer & Community Relationship Management), mas isto é tema para um próximo artigo.
Por Valéria Jureidini - sócia da Basics
Fonte: Adnews
11 de set. de 2007
Web Marketing
Elcio Santos responde porque 13% do budget online americano é usado nesta disciplina.
Vivemos um momento muito interessante da internet brasileira. Anunciantes e agências têm descoberto novas maneiras de apresentar produtos e serviços aos clientes, de maneira cada vez mais objetiva e eficaz. Para tanto, o mercado percorreu uma grande caminhada digital, passando por ondas como rich media, gestão de mídia online, search marketing, Second Life e as novas marolas, como Web 2.0 e IPTV.
Atualmente, na crista da onda online temos o Behavioral Target, ou em bom português, Target Comportamental. O conceito, na minha opinião, é a publicação de anúncios display (banners) ou textos em veículos de comunicação (portais), através de ferramentas de Ad Server, que permitem selecionar e publicar anúncios relevantes aos usuários, através da análise de dados comportamentais já coletados.
Acredito que Behavioral Targeting seja a habilidade de entregar mensagens contextualizadas aos usuários durante sua navegação na internet. Para que essa afirmação seja verdadeira, é fundamental a utilização de ferramentas avançadas de entrega publicitária, que podem ser geridas pelos próprios anunciantes em suas campanhas publicitárias ou pelos próprios veículos (portais/redes/sites), oferecendo possibilidades de entrega de propaganda contextualizada, baseada nos interesses e necessidades dos usuários, devidamente registradas por ferramentas de Ad Server.
Vejamos, a seguir, algumas formas de se fazer Behavioral Target:
Re-targeting
É baseada na ação do usuário. Imagine uma campanha cujo objetivo é gerar o maior volume de cadastro de prospects para a venda de seguros.
- Na 1ª etapa da campanha, é veiculada a mesma peça para todo mundo;
- Pessoas que já foram até o site do anunciante, mas ainda não se cadastraram, irão receber uma 2ª peça com um call to action mais poderoso, com o objetivo de convencer o internauta a voltar ao site se cadastrar;
- Pessoas que já cumpriram o objetivo da campanha - se cadastraram - irão receber outros tipos de peças, como agradecimento ou até mesmos convidando o usuário a adquirir um novo produto, por exemplo: “Agora que você já segurou seu carro, não seria a hora de assegurar o futuro de sua família? Clique agora e conheça nosso seguro de vida..."
É bem verdade que o anunciante e sua agência poderão definir, em conjunto, a criação de peças diferenciadas, que não sejam enfadonhas. No entanto, com o mesmo tipo de comunicação, não há economia de recursos, pois todos irão receber todas as peças sempre.
A característica desta modalidade é entregar uma comunicação de acordo com as ações feitas pelos usuários.
Behavioral Target Segmentado
Esta modalidade depende exclusivamente dos portais, para que anunciantes possam entregar suas campanhas baseadas em segmentos de comportamento reais pré-definidos.
Na teoria, os portais podem oferecer publicidade específica para grupos com o mesmo comportamento de navegação, e não por área do site. Podem ser consideradas variáveis como canais, tipos de conteúdo, matérias vistas e interesses em geral, por exemplo.
Exemplos de categorias de Behavioral Targeting:
* Navegação
Entregar uma peça específica para pessoas que navegam pelos canais de Esportes e Cinema. Desta forma, esta peça pode ser exibida durante a navegação do canal de carros, pois a ferramenta entende que este usuário está dentro de um comportamento e entrega tal publicidade.
* Canais Múltiplos: navegação e contexto
Adicione ao exemplo acima pessoas que tenham também lido notícias sobre o Palmeiras. Portanto é possível entregar em qualquer área do site, uma peça exclusiva para pessoas que já tenham navegado por Esportes, Cinema e que também tenha lido notícias sobre o Palmeiras.
Um exemplo deste tipo de peça: “AXYZ seguros tem uma promoção especial para Palmeirense que gostam de carros e cinema. Ao se cadastrar em nosso site e comprar um produto, você ganha dois ingressos do Cinemark e o DVD do Ademir da Guia”
Embora este assunto seja sedutor, um refinamento excessivo de dados demográficos - omo idade da audiência, renda familiar, divisão geográfica etc. -podem estreitar e complicar demasiadamente sua comunicação. A menos que isso faça parte de seu objetivo, tenha cuidado e use por etapas, até atingir a maturidade da disciplina e pontos a favor e contra, para não prejudicar sua comunicação.
O futuro
O Behavioral Targeting veio pra ficar. Não se trata de mais uma onda passageira. De acordo com pesquisas, apenas nos Estados Unidos, o investimento previsto para 2011 será de 3,8 bilhões de dólares (veja gráfico a seguir). Atualmente 13% dos investimentos em mídia digital já utilizam Behavioral Targeting.
Aqui no Brasil, embora seja um assunto relativamente novo. ainda há uma nuvem cinza a propósito do que realmente venha a ser esta disciplina.
O cuidado que o mercado todo precisa ter (agências, anunciantes, fornecedores de tecnologia) é não se deixar enganar por falsas promessas de que o Behavioral Targeting é simples e multiplica seus resultados por mil. É fundamental encontrar empresas parceiras dispostas a criar e aprofundar conhecimento e não apenas em vender mais um produto, apesar que neste caso poderia utilizar a velha máxima onde “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.
Elcio Santos é Sales Manager da Unica Interactive Marketing Solutions. E-mail: elcio@aunica.com
Fonte: IDG Now
28 de ago. de 2007
Embalagem, uma breve reflexão
Hoje, tenho a convicção de que precisamos ir para o campo prático se quisermos buscar soluções adequadas. As oportunidades e alternativas interessantes nem sempre estão ao alcance de nossas mãos. Precisamos sair do escritório e "xeretar" nos pontos-de-venda e fornecedores dos mais diversos. Debruçados sobre o vazio branco do papel ou na frente do computador, certamente vai ficar mais difícil.
Às vezes, uma bela solução passa pela forma de compatibilizar substratos e fornecedores de diferentes segmentos. Por isso é bom acumular experiências de campo, já que isso aumentará o nosso repertório criativo na busca de soluções, onde a relação custo x benefício estará bem dimensionada.
Não podemos ainda esquecer de pensar as questões ambientais, que a cada dia tem apelos mais fortes para evitar a agressão indiscriminada do meio ambiente. Essa deveria ser uma premissa básica para orientar os projetos.
Devemos raciocinar considerando a extensão do projeto além do nosso ambiente de trabalho, mantendo uma atitude crítica frente às soluções corriqueiras, dispostos a ações experimentais e inovadoras, nos distanciando da rotina.
Desenvolver embalagem é uma atividade complexa, onde temos que tomar decisões e optar entre alternativas técnicas, estratégicas, conceituais e operacionais. Num mundo onde cada vez mais os produtos estão comoditizados, com diferenças mínimas entre si, o valor e o diferencial estão na marca, seja por meio do projeto ou da expressão visual da embalagem.
Sem dúvida, uma metodologia que defina as etapas e aspectos racionais do projeto é fundamental, porém não devemos ficar engessados nas questões teóricas ou de um briefing contaminado pelas fórmulas prontas.
A própria indústria, muitas vezes se encarrega de estabelecer barreiras para alternativas que possam ameaçar a utilização de recursos que não os seus. Isto não significa que tenhamos de abandonar tecnologias e substratos já consagrados, temos sim é que inovar, pesquisar e olhar a nossa volta. Uma certeza podemos ter, a soma de experiências certamente colaborará para queimarmos etapas e sermos mais assertivos em nosso trabalho.
Por Antonio Raupp - diretor de Criação e Produção do GAD Branding & Design
Fonte: Adnews
24 de mai. de 2007
Correndo com Tesoura
Veja bem: "para correr atrás da sua conta".
Ou seja, eles não estão interessados em correr atrás de resultados pra você. Eles estão se lixando se seu produto vai vender ou se a empresa vai ter retorno institucional. Não... Eles querem a sua conta. Eles querem é o seu dinheiro!!!
Tem hora que a agência se trai, não é verdade?
Via: Despropaganda
22 de mai. de 2007
Agora é ClickJobs na veia
Agora é ClickJobs na veia
Essa é frase que tenho escutado dos futuros ex-tripulantes do Submarino. Que a história de fusão entre Americanas.com e Submarino foi pura conversa pra internauta dormir, todo mundo já sabe. Que a LASA possui participação majoritária das ações da gigante e colossal B2W, também não é novidade.A novidade deste artigo é: OS MELHORES PROFISSIONAIS DO E-COMMERCE DA AMÉRICA LATINA ESTÃO COM OS DIAS CONTADOS.
E esse dia é 04/06/2007.
Que medo! Sim, os diretores da Companhia Global do Varejo irão mandar grande parte dos funcionários que prestam serviços à marca Submarino embora. A minoria deverá receber propostas para se transferir para o Rio de Janeiro, onde fica a matriz da LASA.
O motivo alegado pela empresa aos funcionários é lógico: unificar e centralizar as operações em apenas um lugar e reduzir custos, além de reunir apenas os melhores em um mesmo complexo operacional. Da data acima em diante, toda e qualquer decisão deverá ser tomada da matriz.
Além disso, alguns deverão ser re-alocados para Jandira e outros departamentos deverão ser terceirizados.
Mas, nada disso é oficial ainda, nenhum papel foi assinado e este artigo pode ter sido o mais mentiroso da história da Casa do Galo. Mas, pelo jeito, tudo deverá acontecer mesmo.
O que importa mesmo é o que irá acontecer com a marca. Como será o futuro da Americanas.com, do Shoptime e, principalmente, do Submarino? Alguma dessas marcas irá morrer? Ao que me parece (veja bem, ME parece) é que quem está sofrendo, por enquanto, com todas as mudanças da B2W é apenas o Submarino. O que é uma pena, pois das três, é a que possui o melhor trabalho de marca. E isso posso falar com certa autoridade e conhecimento, pois sei que ajudei, e muito, a construir essa ótima percepção junto ao mercado. Hoje, analiso do lado de fora e lamento pelo que tem acontecido. Lamento pelos meus colegas que ainda estão lá, sem clima para trabalhar. E lamento, principalmente, pela equipe de criação, a qual fiz parte. Sem dúvida e sem exagero a melhor do e-commerce mundial. Tenho, realmente, a sensação de que o Submarino está, quase que literalmente, afundando. E dessa vez, sem trocadilhos.
As idéias e opiniões expostas nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores, e podem não refletir a opinião da Casa do galo. Alessandro Ribeiro, 24 anos, publicitário. Já foi redator do Submarino. Hoje é redator da iDeal Interactive e sócio da Carrossel Comunicação Integrada. Escreve para a Casa do galo às segundas-feiras.
aleribeiro13@gmail.com | http://www.obolacheiro.blogspot.com
23 de mar. de 2007
Eu não conheço essa história de ajoelhar.
- Nós não vamos baixar as nossas armas, vocês terão que vir buscá-las.
- As flechas dos persas são muitas e vão cobrir o Sol.
- Que bom, lutaremos na sombra.
Dia 30 de Março estréia 300 no Brasil. 300 é um soco no estômago sem direito a cair no chão ou dobrar os joelhos. Em 300, o cinema encontra as histórias em quadrinhos que encontra o empreendedorismo que encontra a história do mundo que encontra o rock moderno.
300 conta a história da lendária batalha de Termópilas onde 300 espartanos no verão de 480 A.C. lutaram contra milhões de persas no desfiladeiro das Termópilas pelo futuro da Grécia livre. Ninguém sabe ao certo qual era o número de soldados em cada lado do front, mas uma coisa todo mundo concorda: poucos enfrentaram muitos.
300 é baseado na graphic novel (um maneira revolucionária de fazer histórias em quadrinhos) de Frank Miller e arrecadou 70 milhões de dólares no final de semana de estréia nos EUA sem nenhum Tom Cruise ou Brad Pitt nas primeiras fileiras, aliás, o ator mais fomoso do filme chama-se Rodrigo Santoro, que não morre no final, mas já foi flechado pela porção brasilândia do brasil que sempre torce pela derrota dos seus guerreiros bem sucedidos.
Os frustrados dizem que o filme atrai as pessoas porque traz mulher pelada, violência, rock pesado e efeitos especiais especialíssimos.
Mentira!
O filme atrai as pessoas porque fala sobre a eterna batalha entre os mais fortes e os mais fracos, entre os heróis e os covardes, entre pessoas comuns e reis engomados. O filme atrai multidões porque todo mundo quer saber como vencer um concorrente mais poderoso quando se tem poucos recursos; como conquistar um grande mercado quando se tem poucas pessoas; como fazer mais quando se tem muito menos.
300 é sobre uma batalha sangrenta entre uma pequena empresa empreendedora empurrada por um punhado de guerreiros comprometidos com a honra, e uma gigantesca máquina corporativa multinacional sustentada por milhares de funcionários cráchazeiros que nem sabem direito porque fazem o que fazem.
300 oferece mais insights para a sua vida profissional do que muito protótipo de MBA que tem por ai. Economize 500 reais, assista 300 por 30. Você vai aprender a ser o líder que os outros admiram (até a morte), criar uma empresa onde todos querem trabalhar (até a morte), inspirar os funcionários para trabalhar 24x7 (ou até a morte), criar uma marca uma história uma lenda (que vence a morte).
Quando o capitão resolve espancar o soldado, Leonidas - Rei de Esparta - ensina ao gerente a importância do respeito ao estagiário. Quando frente a dúvida da sua própria convicção, Leonidas pede a opinião da sua parceria, esposa, confidente e rainha - que sempre trata de igual para igual - sobre como lidar com os negócios. Quando ocupado, há poucos dias de enfrentar milhões, ele encontra tempo de qualidade para ensinar ao seu filho de seis anos de idade,os segredos do mundo dos negócios que ele conhece. Quando vestido para batalha, gravata computador e celular, tudo que interessa é FOCAR A RAZÃO para fazer o melhor pelo negócio e por seus funcionários. Quando o Rei Xerxes (Santoro), tenta seduzir Leonidas com os benefícios que uma possível fusão & aquisição da pequena empreendedora Esparta pela mega-corporation Persia traria para os acionistas, para ele (cargo de CEO da Grécia, palácios, mulheres, altos bônus) e para os seus funcionários (que se livrariam da escravidão), Leonidas lembra Xerxes que a verdadeira escravidão do ser humano não é a escravidão econômica ou social, mas a privação do estilo de vida espartano, sua cultura, filosofia de vida e direito de tomar decisões livremente sem prestar contas e ninguém.
Cada página, desculpe, cada cena de 300 ensina alguma coisa a você. Dispense a pipoca, cole os olhos nos diálogos.
Quando os membros do board of directors de Esparta resolvem abaixar a cabeça para Xerxes, negam ajuda a Leonidas, retiram o exército do seu comando, e o ordenam a ajoelhar-se diante do invisível, ele faz um spin-off do exército, cria a sua própria empresa, reune os 300 melhores soldados que conhece, e vai rumo aos milhões de Xerxes. Quando perguntam a ele como vencer milhões com três centenas de guerreiros, Leonidas responde que vai usar o cérebro quando Xerxes usar o ego. Ele ruma para Termópilas, onde um desfiladeiro apertado permite a passagem de poucos soldados de uma única vez, neutralizando assim os milhões do inimigo.
Quando um espartano medíocre mal preparado e incapaz, pede para unir-se ao exército, Leonidas manda ele de volta para casa; no outro lado do front, Xerxes envia os incapazes para a frente de batalha para morrer em primeiro lugar. Na pequena empresa de Leonidas, somente os melhores mais bravos mais corajosos mais brilhantes são aceitos. Ele dispensa a média, os fracos, os medrosos, os pomposos. Ele não quer ninguém que possa prejudicar o desempenho dos melhores e abrir brechas para o inimigo entrar. Quando em um momento importante da batalha, Leonidas encontra Xerxes, o grande rei pergunta "Como você pensa que vai conseguir me derrotar? Eu mataria qualquer um dos meus próprios homens para conseguir a vitória sobre você", "Eu morreria por qualquer um dos meus homens" responde Leonidas.
Quando Leonidas percebe que não conseguirá destruir o exército de Xerxes, ele decide construir uma marca. Ele envia um espartano de volta para casa para assegurar que a história e as glórias dos 300 de Esparta viverão por muito tempo, muito depois que eles se forem. Quase 2.500 anos depois, do outro lado do planeta, cá estamos nós falando sobre os 300 de Esparta. "O mundo inteiro saberá que um punhado de homens livres lutou até a morte contra a tirania, o mundo inteiro saberá que poucos lutaram contra muitos." O marketing provocado por Leonidas funcionou. A história boca-a-boca inspirou milhares de espartanos, produziu o orgulho necessário para unir o mundo grego e retardou o avanço dos persas que perderam as batalhas seguintes e nunca chegaram a conquistar a Grécia.
A sociedade de Esparta não deixou nada para trás a não ser histórias de guerras. Nenhuma arte, nenhum conhecimento, nenhuma invenção, nada para iluminar o caminho do ser humano a não ser a dedicação incondicional e a disciplina do seu povo para se tornar os melhores guerreiros do mundo.
Esparta não produziu um Michelangelo ou um Leonardo da Vinci, mas cunhou o termo "vida espartana", que é relacionado até os dias de hoje ao modo de vida onde um indivíduo abre mão de privilégios e benefícios pessoais para se entregar de corpo e alma a uma vida dedicada a atingir um grande objetivo.
Tá bom ou quer mais?
QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?
Ricardo Jordão Magalhães
Um Marketeiro Espartano
9 de mar. de 2007
Young Creatives Brazil 2007 abre inscrições
Young Creatives Brazil, promovido há 13 anos pela Editora Referência e pelo publicitário Emmanuel Publio Dias, abre suas inscrições para a edição 2007. O programa, que identifica e revela talentos para o mundo publicitário e possibilita a participação no Festival Cannes Lions 2007, terá seis categorias: Criação, Film, Cyber (internet), Planejamento, Mídia e Titanium. Um diferencial dessa edição é que a recente categoria Titanium, criada há apenas um ano, dará oportunidade para profissionais de qualquer área da indústria da comunicação (agências, mídia, produtoras e fornecedores de serviços a clientes e inclusive, os próprios clientes). Para participar, os jovens terão que ter 28 anos ou menos (ter nascido após 23/06/1978), estar em atividade profissional no mercado há mais de dois anos e nunca ter participado do Cannes Lions Festival. O término das inscrições das categorias Criação Nacional é dia 13/04 e das outras, todas, entre os dias 18 e 25/04 (a data final ainda será definida). Além dos Youngs Creatives selecionados para compor a delegação brasileira, os jurados apontarão, entre os profissionais indicados, o time brasileiro que vai participar da Young Creatives Competition - uma competição de criação publicitária que acontece durante o Festival. Lá estarão reunidos os representantes de todas as delegações de Youngs do mundo - nas categorias Print, Film e Cyber. Para a delegação dos Youngs Creatives brasileiros será oferecido um pacote com passagem aérea de ida e volta à cidade de Nice, pagamento do fee de inscrição no Festival para a categoria Young Creatives, tarifas reduzidas de hospedagem em Cannes, participação em todos os eventos abertos da delegação brasileira, no Brasil e em Cannes, e convite para a festa mundial dos Young Creatives em Cannes.
7 de mar. de 2007
O que vivemos hoje no mercado de comunicação
Por Ricardo Cavallini
Joseph Schumpeter não era publicitário, era economista. Morreu em janeiro de 1950 e foi considerado um dos mais brilhantes do século. Algumas décadas se passaram, mas em uma de suas teorias (Business Cycles, de 1939), ele falou sobre algo que poderia descrever o cenário atual da propaganda e marketing. Segundo Schumpeter, a inovação e as mudanças tecnológicas rompem o equilíbrio entre mercados e obrigam a evolução do desenvolvimento econômico.
Algumas décadas depois, outro economista pôde nos explicar melhor sobre essas tais mudanças. Clayton Christensen, professor da Harvard Business School, cunhou o termo “tecnologia disruptiva”. Em sua teoria, quando nasce uma tecnologia disruptiva, as empresas líderes - mesmo as bem administradas, competitivas e antenadas - perdem sua posição no ranking.
Quando ele fala sobre tecnologia, se refere ao conjunto de processos pelos quais uma organização transforma mão-de-obra, capital, materiais e informação em produtos e serviços de grande valor. Ou seja, a metodologia da sua empresa pode ser considerada tecnologia.
Segundo Christensen, existem dois tipos de tecnologia, a evolutiva e disruptiva. Evolutiva é uma melhoria na atual. Para exemplificar, se falarmos de câmeras fotográficas, a evolutiva seria a analógica. Todo ano melhorando algo nas câmeras. Um foco novo, uma lente melhor, novo processo de zoom, etc.
Tecnologias disruptivas evoluem muito mais rápido, além disso, podem mudar a maneira como as coisas são feitas, mudar mercados (ex: iPod) ou até mudar o mundo (ex: plástico ou a internet).
Não preciso dizer que no nosso exemplo, a disruptiva seria a câmera digital. Hoje (2007) não é preciso dizer (nem defender) a rapidez que as digitais evoluíram e como mudaram o mercado (e talvez até o mundo). Também não preciso apontar quais empresas perderam o bonde neste caso.
Acontece que empresas sem visão não percebem o potencial de uma tecnologia disruptiva porque quando ela nasce, ela ainda é muito ruim em relação a atual. As primeiras câmeras digitais eram caras, pesadas, enormes, tinham péssima resolução e usavam lentes e CCDs de qualidade questionável.
Mas a graça da teoria está em mostrar porque as empresas com visão e bem administradas por CEOs competentes também perdem a liderança. A explicação de Christensen é simples. Quando uma tecnologia disruptiva aparece, além de todos os seus “defeitos”, ela é muito pouco lucrativa. Não somente pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento, mas por utilizar peças caras e não ter economia de escala. Sua lucratividade é muito menor que a tecnologia atual.
A busca e pressão por lucros imediatos impede que qualquer empresa faça investimentos de longo prazo, condição necessária quando se trata de tecnologias disruptivas. A média de permanência de um CEO nos dias de hoje é de apenas poucos anos, qual deles se preocuparia em investir em uma tecnologia que daria retorno alguns anos depois de sua saída da empresa?
Acontece que, com sua evolução acelerada, em algum momento a disruptiva vai passar a tecnologia atual, fazendo com que as empresas líderes (que não investiram na disruptiva) não tenham tempo para se adequar e continuar como líderes.
Outras empresas que não tinham uma grande fatia deste mercado (ou vinham de cenários de baixa lucratividade) investiram e se tornaram líderes da nova tecnologia. Líderes não somente pelo expertise técnico (pesquisa, desenvolvimento, entendimento do mercado, canal de vendas, etc.), mas também pela presença de marca. Você prefere uma câmera da Sony ou da Kodak?
Mas voltemos para o mercado de comunicação, que é o nosso tema. Podemos usar a teoria de Christensen para descrever o que vivemos. Todo ano a publicidade e os veículos de massa evoluem, mas lentamente se comparados às tecnologias disruptivas como internet, TV digital e celulares. Quem está mais preparado para o consumidor moderno? A internet ou a TV aberta? Quem hoje entrega melhor o que os anunciantes estão pedindo? Fácil responder, mas a pergunta interessante é “em que ponto estamos da curva de transição?
Olhe para os grandes grupos de comunicação (Omnicom, WPP, Interpublic, Publicis e Havas) e descubra quanto de seu faturamento já vem de marketing services (e não de publicidade). A maioria deles já passou ou é perto de 50%. Demonstra o quanto podemos mudar ainda no Brasil.
Este papo todo também explica outra questão: por que algumas agências estão sofrendo tanto para evoluir? É a mesma história do aquecimento global. Todo mundo sabe que precisamos começar a mudar agora, mas isso envolve mexer com coisas que têm impacto imediato na economia, então o mundo (através de seus dirigentes) sempre dão um jeitinho de empurrar pra frente.
Não é por medo, nem ignorância como bradam alguns. É porque evoluir significa dar um tiro no joelho (lucratividade).
Sim, eu sei, não evoluir significa dar um tiro na cabeça em poucos anos (perder faturamento e lucratividade), mas alguém aqui acha que é fácil dar um tiro no joelho?
O que defenderemos?
Muitas vezes vivemos sem preceber o contexto em que estamos inseridos. Somos como os peixes, que não sabem que estão na água. Somos acorrentados ao cotidiano, e não analisamos, - e nem temos tempo para isto - se este é o melhor modo de viver.
Talvez isto se deva à nossa qualidade de adaptação. Todo ser humano tem esta qualidade. Conseguimos nos adaptar facilmente à qualquer situação. Assim caminha a humanidade. Com passos lentos, mas sem muita lembrança de como vivíamos anteriormente.
Fico pensando: O que seria da vida de cada um de nós, se vivêssemos em outra época, especificamente passada, e de repente o futuro (hoje) nos afrontasse? Quantas coisas não estranharíamos na vida de hoje? E quantos de nós, não lutariam para que a vida de agora fique parecida com a antiga?
Quando nos deparamos com um texto tão futurista como este que queremos comentar, nossa tendência é ignorar estas idéias futuristas como se fossem mentiras, e nos apartar delas para que não se tornem verdade. Nós não sabemos como será nosso futuro. Aliás nem sabemos se chegaremos lá. Porém, ultimamente estamos vivendo um momento que nos faz ver um horizonte muito diferente.
Hoje, estamos vivendo ligados à todo o mundo. Podemos ver o que quisermos, conversar com pessoas que nem conhecemos, e até marcar encontros, e vezes unir até em matrimônio. Mas de maneira controversa, cada vez menos precisamos do contato humano. E é esta frieza que nos desagrada, nos traz pavor. O que não precebemos é que nós estamos construindo este mundo que assustadoramente rejeitamos como incerto.
O futuro será assim, mas de maneira evidente, prática.
A pergunta que se faz é se esta é a maneira que nós queremos viver. Nossas atitudes indicam que sim. O futuro que existirá será o futuro que nós construirmos.
Nosso modo de viver... qual é o nosso modo de viver?
Qual é o modo que desejamos viver?
O que defenderemos?
Abraços, Henry.