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18 de ago. de 2008

O futuro em 1900

As ilustrações abaixo mostram como as pessoas, em 1900, imaginávam o futuro.

Será que nossas previsões também são tão erradas quanto essas abaixo?


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28 de mar. de 2008

Pesquisadores encontram a suposta '1ª gravação de voz da história'

Por mais de um século, desde que ele gravou as palavras "Mary tinha um cordeirinho" numa folha de alumínio, Thomas Edison tem sido considerado o pai do som gravado. Mas pesquisadores afirmam que descobriram uma gravação da voz humana, feita por um francês pouco conhecido, que precede em quase duas décadas a invenção do fonógrafo por Edison.

A gravação de 10 segundos de uma cantora entoando "Au Clair de la Lune" foi descoberta no início deste mês num arquivo em Paris por um grupo de historiadores de áudio americanos.

Ela foi feita, segundo os pesquisadores, em 9 de abril de 1860, num fonoautógrafo, uma máquina criada para registrar sons visualmente, não para tocá-los. Mas as gravações do fonoautógrafo, ou fonoautogramas, foram tornadas "tocáveis", convertidas de rabiscos no papel para som – por cientistas do laboratório Nacional Lawrence Berkeley, em Berkeley, Califórnia.

"Esta é uma descoberta histórica, a mais antiga gravação de som conhecida",afirmou Samuel Brylawski, o ex chefe da divisão de som gravado da biblioteca do Congresso norte-americano, que não está ligado ao grupo de pesquisa mas que está familiarizado com as descobertas. A escavação de áudio poderia dar uma nova primazia aos fonoautógramo, antes considerado mera curiosidade, e a seu inventor, Edouard-Leon Scott de Martinville, um impressor e mecânico amador que morreu convicto de que sua inovação havia sido impropriamente atribuída a Edison.

Voz no papel

O aparelho de Scott tinha uma estrutura em forma de barril ligada a uma agulha, que extraía as ondas de som das folhas de papel escurecidas com fumaça de uma lâmpada a óleo. As gravações não tinham o propósito de serem ouvidas, já que o conceito de playback de áudio ainda não existia. Em vez disso, Scott buscava criar um registro em papel da fala humana que pudesse ser decifrado mais tarde.

Mas os cientistas de Lawrence Berkeley utilizaram imagens ópticas e uma "agulha virtual" em scans de alta resolução do fonoautógramo, empregando tecnologia moderna para extrair padrões inscritos no papel preto há quase um século e meio. Os cientistas pertencem a um grupo de colaboração informal chamado Primeiros Sons que também inclui historiadores de áudio e engenheiros de som.

David Giovannoni, um historiador de áudio norte-americano que liderou os esforços de pesquisa irá apresentar as descobertas e tocar as gravações em público na sexta-feira (28) na conferência anual das Coleções da Associação do Som Gravado na Universidade de Stanford, em Palo Alto, Califórnia. O fonoautógramo de Scott de 1860 foi feito 17 anos antes de Edison ter recebido uma patente pelo fonógrafo e 28 anos antes de Edison associar um trecho de um oratório de Handel a um cilindro de cera, uma gravação que até agora era considerada pela maioria dos especialistas como a mais antiga que ainda podia ser tocada.

A apresentação de Giovannoni na sexta exibirá descobertas adicionais de fonoautogramas de Scott encontradas em Paris, incluindo gravações feitas em 1853 e 1854. Aqueles primeiros experimentos incluem tentativas de capturar o som da voz humana e uma guitarra, mas a máquina de Scott estava calibrada de forma imperfeita na época.

"Nós conseguimos fazer com que os primeiros fonoautogramas grasnassem e só", afirmou Giovannoni. Mas o fonoautógramo de abril de 1860 é mais do que isso. Numa cópia digital da gravação fornecida ao The New York Times, uma vocalista anônima, presumivelmente mulher, pode ser ouvida com ruídos e chiados ao fundo. A voz, abafada porém audível, canta "'Au clair de la lune, Pierrot repondit', uma sinuosa melodia de 11 notas – uma canção fantasmagórica que parece emergir do lodo sonoro.

Em busca do Santo Graal

A caçada pelo Santo Graal do áudio foi iniciada no outono por Giovannoni e três associados: Patrick Feaster, um especialista em história do fonógrafo que dá aula na Universidade de Indiana e Richard Martin e Meagan Hennessy, proprietários da Archeophone Records, um selo especializado nas primeiras gravações da história. Eles já haviam colaborado antes no disco da Archeophone "Actionable Offenses", uma coletânea de gravações obscenas do século XIX que recebeu duas indicações ao Grammy. Quando Giovannoni levantou a hipótese de compilar uma antologia dos sons mais antigos já gravados, Feater sugeriu a busca dos fonoautogramas de Scott. Historiadores há muito tempo sabem da existência do trabalho de Scott, mas pesquisadores americanos acreditam que eles são os primeiros a fazer uma busca concentrada pelos fonoautogramas de Scott e os primeiros a tentar ouvi-los.

Em dezembro, Giovannoni e um pesquisador assistente viajaram até um escritório de patentes em Paris, o Institut National de la Propriete Industrielle. Lá eles encontraram gravações de 1857 a 1859 que foram incluídas por Scott na requisição de patente de seu fonoautógrafo. Giovannoni afirmou que trabalhou com a equipe do arquivo de lá para conseguir scans dessas gravações alta resolução digital e com qualidade de preservação.

Uma trilha de pistas, incluindo uma referência enigmática sobre gravações de Scott em depósitos de fonoautógramo na "Academia" levou os pesquisadores a outra instituição em Paris, a Academia Francesa de Ciências, onde muitas outras gravações de Scott foram guardadas. Giovanni afirmou que seu momento de "eureca" ocorreu quando ele viu um fonoautógramo de 1860, uma folha de pano meticulosamente preservada medindo 9 por 25 polegadas. "Ela estava intacta", afirmou Giovannoni. "As ondas sonoras estavam impecavelmente limpas e nítidas".

Seus scans foram enviados ao laboratório de Lawrence Berkeley, onde foram convertidos em sons pelos cientistas Carl Haber e Earl Cornell. Eles utilizaram uma tecnologia desenvolvida há muitos anos em colaboração com a biblioteca do Congresso, na qual "mapas" de alta resolução de gravações feitas com sulcos são tocadas num computador usando uma agulha digital. O fonoautógramo de 1860 de 1860 foi separado em 16 canais – um para cada onda de som – que Giovannoni, Feaster e Martin meticulosamente colaram de volta, fazendo ajustes para variações de velocidade das gravações produzidas à mão por Scott.

Pré-história do som
Os ouvintes agora devem ponderar se a esquisitice de ouvir uma gravação feita antes do conceito de reprodução de áudio ter sido sequer imaginado. "Há uma enorme lacuna epistemológica entre nós e Leon Scott, porque ele achou que a maneira de se chegar à essência do som é olhando para ele", afirmou Jonathan Sterne, professor da Universidade McGill, em Montreal, e autor de "O Passado Audível: origens Culturas da Reprodução de Som".

Scott é, de muitas maneiras, um herói pouco provável do som gravado. Nascido em Paris em 1817, ele era um homem de letras, não um cientista, que trabalhava com impressão e como bibliotecário. Ele publicou um livro sobre a história da taquigrafia e evidentemente via a gravação de som como uma extensão da estenografia. Nas memórias que ele mesmo publicou em 1877, ele foi contra Edison por este ter "se apropriado" de seus métodos e desconstruir o propósito da tecnologia de gravação. O objetivo, argumentou Scott, não era reprodução de som, mas "escrever a fala, que é o que a palavra fonógrafo significa".

Realmente, Edison chegou à sua conquista por conta própria. Não há provas de que ele tenha se beneficiado do conhecimento obtido pelo trabalho de Scott para criar o fonógrafo e ele permanece com a distinção de ter sido o primeiro a reproduzir som. "Edison não foi diminuído em nada pela descoberta", afirmou Giovannoni.

9 de mar. de 2008

90 ANOS DE HISTÓRIA DA PROPAGANDA BRASILEIRA

1910 – João Lyra o “Homem Reclame”, o primeiro profissional de propaganda que se tem registro, inaugura o “reclame yankee”, um grande painel colocado na lateral do Teatro São José no centro de São Paulo, onde eram anunciado o xarope Bromil;

1913 – Fundação da Eclética, a primeira agência de propaganda brasileira;

1926 – Criação do Departamento de Propaganda da General Motors no Brasil;

1929 – Fundação da J.W. Thomposon, a primeira agência multinacional no Brasil;

1929 – D’Almeida Propaganda representa no Brasil a Foreign Advertising Service Bureau agência norte-americana. A D’Almeida Propaganda deu origem a Interamericana que foi incorporada a Salles;

1931 – Fundação da agência Lintas então house agency da Lever (Gessy Lever e depois Unilever);

1931 – Fundação da agência N.W.Ayer agência norte-americana pioneira no uso de fotografias importadas de sua sede nos Estados Unidos;

1933 – Fundação da agência Standard Propaganda S.A, no Rio de Janeiro, apesar do nome em inglês a agência era comandada por brasileiros que introduziram um modelo operacional com padrões americanos;

1935 – Fundação da agência McCann Erickson;

1937 – Fundação da Associação Brasileira de Publicidade – ABP e da Associação dos Profissionais de Propaganda – APP;

1942 – Criação do IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião, Pesquisa e Estatística;

1942 – Instalação no Brasil da Coca-Cola;

1946 – Fundação da agência Norton;

1949 – Fundação da Associação Brasileira das Agências de Publicidade – ABAP;

1950 – Inauguração da primeira emissora de TV do Brasil, PRF-3 ou TV Tupi. O Brasil foi o quarto pais do mundo a transmitir imagens de televisão;

1954 – Fundação da agência Alcântara Machado Propaganda, a Almap;

1957 – Fundação da agência MPM;

1957 – I Congresso Brasileiro de Publicidade. Nesse evento foi elaborado o Código de Ética da atividade;

1959 – Fundação da Associação Brasileira de Anunciantes – ABA;

1961- Início das operações do Instituto Verificador de Circulação – IVC;

1961 – Fundação da agência paraense Mendes;

1965 – A propaganda brasileira é reconhecida oficialmente como um setor pela Lei 4.680;

1965 – Fundação da agência paranaense Exclam e da agência bahiana Propeg;

1966 – Fundação da agência Mauro Salles Propaganda;

1968 – Fundação da agência DPZ;

1968 – Fundação do Grupo de Mídia, iniciativa independente dos profissionais de mídia das agências de propaganda;

1969 – Fundação da agência amazonense Oana;

1969 – II Congresso Brasileiro de Propaganda;

1971 – Primeira participação brasileira no Festival de Cannes e a conquista de 3 Leões (1 de prata e dois de bronze);

1972 – O Grupo Ogilvy compra a agência Standard;

1974 – Fundação do Clube de Criação de São Paulo – CCSP;

1974 – Fundação da agência Young & Rubicam;

1975 – Fundação da agência Leo Burnett;

1977 – Fundação da Central de Outdoor;

1978 – III Congresso Brasileiro de Propaganda;

1978 – Fundação da agência De Simoni & Associados, a primeira agência de marketing promocional brasileira;

1979 – Fundação da agência Direct, a primeira agência de marketing direto brasileira;

1980 – Fundação do Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária – CONAR;

1980 – Fundação da Federação Nacional das Agências de Propaganda – FENAPRO;

1980 – Fundação da agência Talent;

1982 – Fundação da agência Fischer, Justus;

1983 – Fundação da agência Guimarães e Giacometti;

1984 – Fundação da agência Contemporânea;

1985 – Fundação da agência Agnello Pacheco;

1985 – Fundação da agência Grottera;

1988 – Associação da Almap a BBDO, criando a AlmapBBDO;

1988 – Fundação da agência W/GGK;

1990 – Criação do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor;

1991 – A agência MPM é comprada pela Lintas;

1993 – Primeiro Grand Prix em Cannes para o anúncio do Guaraná Antarctica Diet criado pela DM9;

1994 – O Grupo Saatchi & Saatchi começa a atuar no Brasil através do publicitário Fábio Fernandes e da agência F/Nazca Saatchi & Saatchi;

1995 – Fundação do portal de internet UOL – Universo On Line;

1996 – A agência Denison é comprada pela Ogilvy;

1996 – Parte das ações da agência Norton é comprada pela Publicis;

1996 – A agência Carillo, Pastore se associa com o Grupo Euro RSCG;

1998 – A agência Giovanni passa a fazer parte do Grupo FCB;

1998 – A agência Newcomm se associa com a Bates;

1998 – A agência Age se associa com o grupo francês Havas;

1998 – Fundação do Conselho Executivo de Normas Padrão – CENP;

1999 – A agência bahiana DM9, já instalada em São Paulo é incorporada pelo Grupo DDB;

Comerciais inesquecíveis

Alguns dos filmes que conversamos outro dia...clássico da propaganda mundial e duas peças brasileiras que entraram para a história.

Primeiro Leão de Ouro conquistado pelo Brasil no Festival de Cannes.

Um exemplo do poder do raciocínio na propaganda. Eleito um dos 100 melhores filmes do século XX.
Agência: W/GGK São Paulo
Direção de criação: Washington Olivetto
Criação: Nizan Guanaes
Produção Agência: Chantal Marmor
Direção: André Bukowinski
Fotografia: Felix Monti
Produtora: Aba

1984 da Apple. Lançou o Macintosh para o mundo.

4 de mar. de 2008

200 anos de propaganda no Brasil


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O vídeo é do Portal Exame (aqui).
A matéria da Exame, completa (para assinantes), está aqui.

29 de fev. de 2008

Propaganda brasileira chega aos 200 anos

Neste ano de 2008, a publicidade brasileira completa 200 anos, relembrados a partir da chegada da família real nos portos do Rio de Janeiro. O desembarque trouxe, além de outros fatores, a noção de capitalismo para Brasil e o início da construção de um pólo que se tornaria um dos principais centros publicitários do mundo. Formalmente, a primeira campanha de que se tem relato no país foi publicada no impresso "Gazeta do Rio de Janeiro", em 1808, sob a assinatura "Annuncio" e divulgava a venda de um imóvel.

À época, não havia outras opções para publicação senão a Gazeta. O Correio Brasiliense, considerado oficialmente o primeiro jornal brasileiro, não aceitava propaganda. "Até a Gazeta, a única forma de publicidade que existia no Brasil eram cartazes rudimentares escritos a mão e os pregões dos comerciantes nas ruas", afirma José Roberto Whitaker Penteado, um dos autores do livro Propaganda no Brasil -- Evolução Histórica, em entrevista ao Portal Exame.

Enquanto o modelo de negócios ainda engatinhava no Brasil, o cenário mundial já borbulhava. A Inglaterra, por exemplo, iniciou a publicação de anúncios em jornais em 1650. Cem anos depois, a prática já era utilizada em larga escala entre os ingleses, com mais de 50 campanhas por edição. Nos EUA, o primeiro registro oficial data de 1704, publicado no jornal Boston Newsletter. Com o desenvolvimento do comércio, grandes cidades européias experimentaram logo cedo o fenômeno da sociedade de consumo, termo cunhado por Peter Burke, historiador e autor do livro História Social da Mídia.

O Brasil viria a sentir o potencial deste crescimento econômico e, por conseqüência publicitário, com o fim do tráfico internacional de escravos, em 1850. Quem afirma é o professor de história do Brasil na Universidade de Paris-Sorbonne, Luiz Felipe de Alencastro. Segundo ele, a proibição permitiu que antigos traficantes passassem a se interessar por outro tipo de consumo e valorizar a importação de outros bens. Neste momento histórico, o comércio de escravos tinha grande relevância na publicidade impressa que repercutia características físicas e comportamento de homens e mulheres.

Fatos históricos

O Portal Exame listou ainda fatos memoráveis para o desenvolvimento da publicidade no país. Os mais antigos contemplam o surgimento de marcas como Farinha Láctea Nestlé e Emulsão de Scott, em meados de 1875. Seis anos mais tarde é fundada a primeira agência de propaganda: a Empresa de Publicidade e Comércio. Em 1910, o mercado já conta com novas marca dentre as quais algumas perduram até hoje na mídia brasileira como Antarctica, Singer, Brahma, Gillette e Mappin Stores.

Agências como JWT e McCann-Erickson também foram uma das precursoras. A empresa de J.Walter Thompson inaugurou, em 1929, sua filial em São Paulo para atender à General Motors no Brasil.

Em 1935, a Mccann abre escritório no Rio de Janeiro e dá início ao atendimento da conta de Standard Oil, por meio de sua marca Esso.

26 de nov. de 2007

A cópia mais original do mundo



Em 1914 Alfred Leete, artista plástico que se notabilizou pintando aquarelas de guerra, desenhou o Secretário da Defesa da Grã Bretanha, expressão severa e dedo em riste, convocando os ingleses para o alistamento militar. Três anos depois, James Montgomery Flagg, cartazista oficial do exército americano durante a 1ª Guerra Mundial reproduziu a temática de Leete, criando a cópia mais original do mundo. Flagg que tinha formação de chargista foi buscar no imaginário de seu país a lenda do Tio Sam e deu-lhe um rosto, o seu. Apenas melhorou o leiaute de Leete, aproximando a figura, arrumando o texto no rodapé, imprimindo ao personagem expressão mais convincente nos lábios e um ar circunspecto chamando os americanos à responsabilidade. O resultado é que o original de Leete ficou no esquecimento e a cópia de Flagg é desde então e ainda hoje o cartaz de maior “recall” na história, o símbolo mais popular do país em todo o planeta. O fato é que Flagg imortalizou-se com a sua criação e ao mesmo tempo deu ao original de Leete alguma repercussão, além da glória de ter tido inúmeros imitadores pelo mundo afora, alguns deles reproduzidos neste post. O cartaz brasileiro, de autoria desconhecida, foi uma das peças de propaganda de maior impacto na revolução constitucionalista de 1932; os soldados Russo e Hindu dos outros cartazes aqui reproduzidos convocam seus conterrâneos para a guerra; o cartaz da Colombia, por sua vez, chama o cidadão para prestar contas ao fisco. E até a igreja brasileira apelou para a imagem do dedo em riste e olhar fixo, convocando os fiéis para colaborar com as obras da catedral.





Fonte: Almanaque da Comunicação

23 de nov. de 2007

A Campanha da Década

Em 1984 Nizan Guanaes bateu na porta de Sergio Faria do Departamento de Marketing da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro para lhe apresentar uma campanha cuja idéia girava em torno da figura de um apresentador de TV desajeitado entrevistando populares na rua. O baiano que recém saira da DM9, agência de Duda Mendonça, buscava um lugar ao sol num mercado de maior expressão.
O Diretor da Caixa gostou do que viu e encaminhou o jovem de 25 anos para a Artplan, agência que atendia a conta e tinha naquele tempo como Diretor de Atendimento o Paulo Rolf Feil. Meses depois a campanha aprovada pelo Edson Moury, Superintendente da CEF, estreava na TV, vinte comerciais ao todo, com magnífica interpretação do ator Luis Fernando Guimarães, então um desconhecido para a maioria dos brasileiros.
Neste caso a exposição da campanha, com grande frequência de mídia e cobertura nacional, contribuiria para impulsionar a sua carreira. O certo é que, coincidência ou não, Luis Fernando, nesse mesmo ano, estreava na Rede Globo, interpretando o Miro da novela Vereda Tropical, um vigarista trapalhão. Guanaes já o conhecia, trabalhara com ele em campanha do Lojão da Construção de Salvador, empresa varejista do grupo Correa Ribeiro, muito safo no contato com o público. O fato é que a campanha intitulada “Apresentador” representou para Nizan muito mais do que o emprego na Artplan: a projeção de seu nome no cenário nacional por conta nos inúmeros prêmios conquistados, Os Grand-Prix do Colunistas e Anuário do Clube de Criação de São Paulo, dentre outros.
Em 1987 a campanha receberia ainda o destaque excepcional de “melhor campanha dos 20 anos (1967/1987) concorrendo com 19 outros trabalhos, também de muita qualidade. E em 1990 Ganhoava, desta vez, o prêmio de “Campanha da Década de 80″. Nizan Guanaes criou a campanha mas teve a Direção de Criação do Chico Abreia que também dirigiu os comerciais produzidos pela Blow-Up, com fotografia do José Cavalcanti.
Na ficha tecnica figura ainda o nome do criativo Walter Vicente. Selecionamos dois vídeos da campanha. Assista:





Fonte: Almanaque da Comunicação

22 de nov. de 2007

Zico em comercial das Òticas Ernesto

No verão baiano de 1982 Zico desembarcou em Salvador para gravar, a convite de Duda Mendonça, uma campanha de varejo para a rede Òticas Ernesto, institucional de dois minutos, criação do dono da DM9, produção da Blow-Up, com direção de Duda e do Guy Blanc. Se você estranhou essa coisa de dois minutos fique sabendo que o criativo baiano foi o precursor do longa metragem no “break “comercial; o júri do Prêmio Colunistas nos bastidores comentava essa opção do Duda Mendonça por filmes de 2 e 3 minutos, hábito recorrente; é verdade que a TV Aratu, repetidora Globo, facilitava as coisas flexibilizando as tabelas de preços. Nesse contexto até que “Ernesto meu Rapaz”, o comercial hoje postado neste espaço, não foi tão longo assim. Mas foi, seguramente, um dos comerciais de maior impacto pelos elementos de baianidade que o Duda inseriu, num roteiro calcado e embalado pelo samba de breque de Moreira da Silva. Comercial muito bem homorado, explorando a rivalidade dos torcedores do Bahia e do Vitória, o clima de Copa do Mundo,a própria figura do Zico vestindo a camisa do cliente, personagens típicos da terrinha (como o Pelê do Tonel) e um quadro muito singular onde um garçon negro implora para sair na coluna da “july”, a coluna social do jornal A Tarde, naquele tempo privilêgio apenas da alta sociedade de raça ariana. O comercial impactou tanto os baianos que July não se fez de rogada e um dia abriu a sua coluna com o fotograma do comercial e uma legenda que dizia mais ou menos: “Atendendo o seu pedido…”. Conquistou o Grand-Prix da Bahia no Premio Profissionais do Ano da Rede Globo e obteve ainda diploma de finalista no Clio Awards apesar do seu perfil tipicamente regional. Filme que vale a pena apreciar e repito é pura baianidade. Assista ao vídeo:



Fonte: Almanaque da Comunicação

14 de nov. de 2007

A Passeata Staroup

Em 1988 a única passeata de estudantes do país foi a encenada pelo “casting” da Jodaf, atores que interpretavam jovens rebeldes, figurino de calças Staroup, fabricante de jeans que vivia o seu melhor momento de “share” de mercado. Passeatas de estudantes, a rigor, só existiam no imaginário brasileiro, lembrança nostálgica e as vezes desagradável de 1968 e década de 70, a pesar da repressão. José Sarney era o Presidente da República, exercia um papel político de transição, no intuito de restaurar a democracia no país, mas passeatas, mesmo na encenação de um comercial de TV, é claro que chamavam a atenção do telespectador.
O Comercial foi uma criação de Washington Olivetto e Nizan Guanaes, com produção da Jodaf e Direção de João Daniel Thikomiroff. O ponto alto do filme, fora a ideia básica de resistência do produto, está na trilha sonora, acredito eu que a sua escolha não tinha sido coincidência. A valsa dos “Conto dos Bosques de Viena” de Johann Strauss foi composta pelo músico austríaco logo após fugir da prisão onde estava recolhido, justamente por escrever músicas revolucionárias, promovendo os Direitos Humanos. Refugiu-se com sua amante Carla Donner nos Bosques de Viena, a ela dedicou a composição. Por tanto uma trilha com DNA de protestos e muito romantismo, tudo a ver com o roteiro imaginado por Nizan. “Passeata” obteve leão de ouro em Cannes e uma medalha de bronze no anuário do CCSP. Foi também Grand-Prix de Montagem (destaque para o montador Umberto Martins) no Prêmio Colunistas de Produção. Apenas, me intriga a grafia no escudo da força repressora: “Police” que vêm a ser policia em inglés e Francês. Por que? assista ao vídeo e deleite-se com uma das mais Belas valsas de Strauss:



Fonte: Almanaque da Comunicação

Um fusca na Transamazônica

Em 1972 um comercial criado pela Almap com produção da Linxfilm surpreendeu o júri do Festival de Sawa, primeiro pelas imagens da selva brasileira sendo desbravada por tratores e motoniveladoras, segundo pelo inusitado desfecho com a aparição de um fusca, modelo Volswagen 1.500, fazendo performances na estrada em construção. A locução em “off ” no estilo Canal 100, o Jornal exibido nos cinemas antes do filme, e o formato da película em 35 mm, induzia o receptor a imaginar que se tratava de um documentário, até o surgimento do produto demonstrando na prática a sua resistência e capacidade de adaptação a qualquer terreno. A evolução da trilha sonora contextualizava a idéia básica. O comercial obteve um Leão de bronze no Festival e o título de Melhor Comercial de Cinema, o correspondente a um Grand-Prix no Prêmio Colunistas do mesmo ano. Em todo caso percebe-se o grande esforço da agência e produtora para produzir uma peça com imagens aéreas, em terreno ingreme, a centenas de quilometros de qualquer vestígio de civilização. Esse trecho da transamazônica seria inaugurado em agosto, meses após as gravações. A idéia era construir uma rodovia de 2.300 KM para integrar o Norte ao resto do país, não deu certo. O senso de oportunidade da agência foi extraordinário, mérito da criação que trouxe para o produto toda a simbologia da selva conquistada, assunto então recorrente na mídia. O pequeno carro se mostrava capaz de enfrentar qualquer terreno, mesmo as quase impossíveis trilhas de mata nativa. Assista ao vídeo:



Fonte:
Almanaque da Comunicação

13 de nov. de 2007

Lequetreque, o frango da Sadia

Em 1971 a Sadia registrou um aumento de 69% no abate e processamento de frangos, reflexo do “milagre econômico” com taxas médias de crescimento do PIB de 11% ao ano. A avicultura expandia-se a passos largos no sul e sudeste, a oportunidade para o lançamento de um novo produto. Foi nesse contexto que a empresa lançou o frango defumado de preparo rápido no forno e que dispensava tempero. A comunicação foi confiada à DPZ que desenvolveu o conceito de frango veloz em torno de um personagem que lembrava o papaleguas dos desenhos animados, usava capacete e óculos, criação de François Petit. O icone ganhou logo as ruas de São Paulo em outdoors e estreou na TV, ainda em preto e branco, num trabalho de animação da Laruccia Animações e Efeitos. No post de hoje você poderá assistir dois comerciais juntos, o da estreia do personagem e um outro posterior a 1972, já no tempo da TV a cores. O certo é que o frango que auxiliava a dona de casa, se oferecendo como jantar, conquistou a simpatia dos brasileiros.
Em 1976 fez sucesso o filme, também animado pela referida produtora, em que o personagem tomava banho antes de ir para a mesa. Ganhou o nome de Lequetreque, em concurso realizado pela empresa junto aos consumidores, 1985, tudo a ver com o seu jeito terno e ao mesmo tempo espivitado. Naquele tempo a animação dos comerciais era do estúdio do Daniel Messias, mas o designer Alexandre Calheiros também deu o seu toque na reformulação do personagem. Até que em maio do ano corrente a DPZ retomou o design original do frango veloz no contexto do lançamento da campanha “Por uma vida mais Sadia”. Coube a Marcelo Laruccia fazer a transição da animação a traço para o formato 3D com recursos de alta tecnologia de computação gráfica da produtora que leva seu nome. O trabalho demorou quase um ano para ficar pronto devido à riqueza de detalhes do traço original.
Assista aos vídeos de estréia e sustentação do personagem:



Fonte: Almanaque da Comunicação

12 de nov. de 2007

O anúncio mais antigo do mundo



O anúncio que você está visualizando acima é o mais antigo do mundo, a imagem uma fotografia do original disponível para pesquisadores no Museu Britânico de Londres. O suporte é um papiro egipcío encontrado em Tebas(a terra de Aida, a escrava de Ammeris que inspirou a célebre ópera de Verdi). Segundo especialistas teria sido escrito há mais de 3.000 anos. O texto diz o seguinte: “Tendo fugido o escravo Shem de seu patrono Hapu, o tecelão, este conclama os bons cidadãos de Tebas a encontrá-lo. É um Hitita de cinco pés de altura, forte e de olhos castanhos. Oferecemos meia peça de ouro a quem informe sobre seu paradeiro e uma peça inteira a quem o trouxer até a tenda de Hapu, o tecelão, onde se tecem as mais belas telas ao gosto de cada um”.
Interessante observar que esse modelo de anúncio também prevaleceu entre nós, em particular no período 1820 a 1840. Os nossos eram mais descritivos, detalhava-se cada feição do escravo e até avaliava-se os seus sentimentos e temperamento. As artes tipográficas chegaram a desenvolver uma vinheta para destacá-los do conjunto: a figura de um andarilho negro com uma trouxa nas costas. Mas, retomando o fio da meada do anúncio mais antigo do mundo, imagina-se que a mídia tenha sido a parede ou a porta de um prédio público em local ou locais (se houve cópias) de grande circulação.

Fonte: Almanaque da Comunicação

7 de nov. de 2007

A hora de dormir dos cobertores Parahyba



“Já é hora de dormir/Não espere mamãe mandar/Um bom sono para você/E um alegre despertar”. Essa toada marcou durante mais de uma década o encerramento da programação para todos e o início do horário para adultos; era a senha para as crianças se retirarem da sala e irem dormir. De início uma vinheta criada por Mario Fanucchi (Design) e o maestro Erlon Chaves (letra e música), interpretação de Lourdinha Pereira (esposa do Rolando Boldrin) para o núcleo de produção da TV Tupi em 1952/53. Mais tarde, a partir de uma iniciativa do José Bonifácio Sobrinho-Boni, transformou-se num jingle comercial, criado (me parece) pela agência Interamericana, com produção da Linxfilm para os Cobertores Parahyba. Então ganhou os elementos que hoje se destacam do filme, os três garotos e a vela acessa, bem de acordo com o Brasil dos anos 50 onde mais da metade da população brasileira ainda não tinha luz elétrica. Os Cobertores Parahyba eram naquele tempo um produto da melhor qualidade, a tecelagem chegou a ter 70% do mercado nacional e os seus cobertores a base de fibras também conquistaram o mercado Europeu. Hoje, mais de 80 anos de operações, vive de “recall” com uma produção de menos de 15 mil unidades/mês e definitivamente não faz propaganda. O YouTube faz por ela com milhares de views registrados pelo comercial hoje postado neste espaço. O fato é que o desenho animado dos Cobertores Parahyba e a sua trilha fez tanto sucesso que a companhia lançou na década um disco de 45 rotações pelo selo Chantecler para distribuição aos clientes. Encontramos a capa no site Cantos e Encantos. Confira e assista ao filme que é de 1961:



Fonte: Almanaque da Comunicação

5 de nov. de 2007

A Câmera das pilhas Ray-O-Vac

Em 1994 a pláteia do Festival de Cannes aplaudiu entusiasmada o filme que hoje exibimos neste espaço; a aprovação do público nesse nível e nesse palco é o maior prêmio que uma agência de propaganda e os seus criativos poderiam almejar. O comercial intitulado “Câmera” foi o único Leão de Ouro do Brasil naquele ano, também o primeiro leão da Norton no Festival, um marco para a agência que anos antes, 1981 e 1982, obtivera apenas diplomas, premiação correspondente a um, digamos, 4º lugar, com filmes de seus clientes Telerj e Banespa. Criado por Wagner Solano com produção da Screenplay e Direção de Mauricio de Oliveira, “Câmera” conquistou o júri pela sua simplicidade, uma idéia cujo desfecho inusitado é o ponto alto do “insigth” criativo. Tornaria-se um dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos. No Brasil obteve ouro no Prêmio Colunistas , no Festival Brasileiro de Publicidade e no Anuário do Clube de Criação de São Paulo. O cliente era Microlite fabricante das pilhas alcalinas Ray-O-Vac que por conta dessas e outras ações são até hoje referência de durabilidade. Assista ao vídeo:



Fonte: Almanaque da Comunicação

Os 75 Anos de Nescau








O Nescau está comemorando 75 anos no Brasil e para marcar a data lança o produto com nova fórmula e embalagem. Em 1932 os brasileiros conheceram o alimento à base de chocolate, semelhante ao Toddy (que tinha sido lançado em 1930 em Porto Rico, mas só aportaria em nosso país em 1933). Ambos os alimentos eram à base de chocolate, mas o Toddy dizia ter um leve sabor agregado de rum e esse detalhe faria a diferença, pelo menos num primeiro momento. Outros achocolatos viriam, dentre eles o Milo, mas o brasileiro encantou-se mesmo com o Toddy e somente a partir dos anos 50 com o Nescão, desde 1955 Nescau com a grafia que hoje identificamos o produto. Nescão na grafia original era a síntese de Nestle com Cacão, matéria-prima do produto e com esse mesmo nome, sem o til, foi lançado na Italia, Espanha e França. A embalagem original era a mesma que aqui reproduzimos em anúncio do Mercado Livre dos franceses, mostra uma empregada portando o produto quentinho numa bandeja. O primeiro anúncio que localizamos da época é de 1938, veiculado no O Malho, qualidade discutível se compararmos com o públicado na França em 1933, de volta às aulas, também aqui reproduzido. Chama a atenção o argumento de produto como bom para enfrentar o calor, discurso típico de refrigerantes na época. Um outro reclame, este de 1942, posiciona o produto como energético, a ilustração de um atleta fundamenta em parte o discurso de achocolatado ideal para atletas, jovens, convalescentes e idosos (?). Mas é com a chegada da TV e o “boom” das revistas dos anos 50 que o produto ganha visibilidade. Muitas ações promocionais são implementadas pela JWT e muito merchandising na TV também, incluindo comerciais como o postado aqui neste espaço do Circo Nescau, figurinos de marionetes produzidos em desenho animado pela Linxfilm. Ainda insistia no discurso de vitaminado, mas enfatizava desta vez a sua condição de “instântaneo”. Podia ser bebido quente, mas também frio ressaltava a locução em off.





Fonte: Almanaque da Comunicação

1 de nov. de 2007

O anúncio que Carmen Miranda não viu


Em 5 de agosto de 1955 morreu Carmem Miranda, vítima de um enfarte. Informados da triste notícia em edição extra do “Repórter Esso“, no dia seguinte, os brasileiros depararam-se com um anúncio na página 64 da revista semanal O Cruzeiro (capa de 6/8/55), que rodara no dia anterior, onde a “Pequena Notável” testemunhava a favor do sabonete Lever: “Mantém a pele maravilhosamente jovem.” A imagem sorridente da estrela, que conquistara a admiração do mundo, no anúncio criado pela Lintas, contrastava com a dor de milhares de fãs nesse momento de comoção nacional. Lá estava ela, em anúncio de meia página, blusa de crochê, cabelos ao natural, sem o figurino tropicalista que marcara a sua carreira, protagonista de uma das maiores campanhas da publicidade mundial: “Nove entre dez estrelas de Hollywood usam sabonete Lever.” O anúncio que Carmen Miranda não viu é o único que eu conheço, entre mais de 20 publicados em jornais e revistas do Brasil e do mundo, que exibe os cabelos da artista ao natural. O figurino de baiana e o exótico dos penteados eram a norma, mas, nesse caso tinha de ser diferente, pois tratava-se de vender um produto de higiene pessoal, que deveria transparecer a imagem de quem acabara de tomar um banho. E foi essa aparência de cidadã comum, feliz com a vida, sem o peso da mídia sobre a cabeça, que O Cruzeiro exibiu no anúncio. Naquela manhã em que a revista chegava às bancas e aos seus assinantes, o Rio de Janeiro exibia apenas o luto constrito de milhares de cariocas que custavam a acreditar no fim de um mito.

Fonte: Almanaque da Comunicação

31 de out. de 2007

A Velhinha da Sharp

Na história da propaganda brasileira, para o bem ou para o mal, velhos, ou melhor idosos, protagonizaram comerciais de humor; nem sempre o resultado agradou o público. Alguns deles foram parar no Conar por iniciativa de telespectadores, o mais recente o das velhinas que assediavam rapazes em comercial da Nova Schin com Ivete Sangalo. A grande questão é como inserir o velho, num contexto de humor que não seja depreciativo? Segundo Henri Bergson no seu clássico “Le Rire” todo humor é desumano. Mas a propaganda está aí para desmentir o grande filósofo francés, é o caso do comercial que postamos hoje neste espaço, intitulado “Velhinha”, uma criação da DM9 para a Sharp. Seguramente a velhinha de maior “recall” na propaganda brasileira desde os tempos em que uma outra idosa (inícios da década de 60) em comercial antolôgico contracenava com o ator Claudio Marzo; fazia o papel de surda num contexto onde a roupa não amassava, o mote “senta, levanta,senta levanta”. O sucesso da velhinha da Sharp contracenando com Francisco Cuoco foi imediato. A campanha que também incluia um comercial com Ney Latorraca, na mesma linha de humor, reuniu cinco grandes criadores brasileiros, raras vezes se viu um grupo tão talentoso junto: Nizan Guanaes como Diretor de Criação, Alexandra Gama e Eugênio Mohallem como redatores,Tomás Lorente como Diretor de Arte e ainda Fernando Meirelles (O consagrado cineasta de Cidade de Deus) como Diretor do Comercial, produção da Zero. O trabalho foi Grand-Prix do Prêmio Colunistas de 1992 e medalha de ouro no Anuário do CCSP. Assista ao vídeo:



Fonte: Almanaque da Comunicação

26 de out. de 2007

Pipoca com Guaraná

Os americanos tentaram induzir os frequentadores das salas de cinema a comer pipoca com Coca Cola, 1957, numa estratégia coordenada por James Vicary, cujo objetivo era mesmo medir os efeitos da propaganda subliminar. A cena aparecia em 6 flashes quase invísiveis durante a exibição do filme Picnic numa sala de Nova Jersey. O Vicary nada provou e essa sua experiência foi parar apenas nos livros de publicidade; um dia descobriu-se que as suas pesquisas tinham sido manipuladas. Não sei se Nizan Guanaes tinha referências das ações de Vicary quando lançou em 1991 no Brasil a hoje antolôgica campanha Pipoca com Guaraná que também tinha a versão Pizza com Guaraná, mas apenas a primeira obteve um “Recall” extraordinário. Se tinha conhecimento tanto faz, lá não deu certo. A campanha foi uma criação exclusiva de Nizan Guanaes, à frente da DM9, com produção da Film, fotografia do Michel Chevalier, Direção de Flávia Moraes e um jingle produzido pela MCR, este, digamos, o carro-chefe; marcou toda uma geração que ainda hoje lembra do “pipoca na panela, começa a rebentar/ pipoca com sal, que sede que dá/pipoca e guaraná que programa legal…” . Sem dúvida um dos jingles-trilha de maior sucesso em toda a história da propaganda brasileira. A campanha teve resultados imediatos, seu objetivo era quebrar o discurso do guaraná Tai que a Coca Cola tentava emplacar, mas fora o “share” de mercado mantido e ampliado, o fato é que criou o hábito da degustação do produto associado à pipoca. A campanha ganhou inúmeros prêmios na época, a pesar de um modesto destaque (premiação correspondente a finalista) no Anuário do CCSP. A entidade fez justiça mais tarde. Rotulou a seção de comerciais antigos do seu site justamente com o nome Pipoca com Guaraná. Cabe lembrar que muitos anos depois o filme foi apontado como um dos “7 Mais” da propaganda brasileira em pesquisa realizada pela revista About do Rafael Sampaio, junto a 250 formadores de opinião do mercado publicitário. “Recall” em alta a medida que o tempo passa. Assista ao vídeo:

Fonte: Almanaque da Comunicação

25 de out. de 2007

Calcinhas Hope em “Roque Santeiro”

Em 1985 a Rede Globo exibiu a sua novela de maior sucesso, Roque Santeiro, de Dias Gomes com adaptação de Aguinaldo Silva, quase 100% de audiência registrada pelo IBOPE no capítulo final. A novela que marcou a estréia na TV, dentre outros grandes artistas, de Claudia Raia, Mauricio Mattar e Patricia Pillar, inovou também no merchandising com uma inusitada ação criada por Agnelo Pacheco, recém saido da Norton, no referido ano constituindo a agência que ainda hoje leva o seu nome. A ação consistia na colagem de um outdoor, inserida na trama, com aparições esporádicas de uma modelo vestindo calcinhas “Hope”. O detalhe é que os moradores de Asa Branca passaram a ter reações, em torno do bum bum exibido, que iam do puritanismo ao desejo propriamente dito e para um dos seus personagens, em particular, o sisudo professor Astromar Junqueira, interpretado por Rui Rezende, o dito bum bum rebolava. O fato é que as aparições da calcinha Hope que mexia com a cabeça dos moradores de Asa Branca, também mexeu com a cabeça dos telespectadores, as vendas do produto saltaram de 75.000 para 120 mil unidades mensais. A modelo era uma garota de 16 anos, Michele Alves; naquele tempo não existia o fotoshop e apenas garotas muito novas ( o rosto não aparecia) suportavam o teste da gigantografia, o que costumava revelar detalhes de estrias. O sucesso da ação de merchandising levou uma outra modelo a assumir o corpo que não era seu, a Revista Contigo o deu como fato, não se retratou e pagou uma indenização na justiça. Um fato interessante é que a Globo inicialmente recusou a ação, foi preciso Agnelo convencer os autores que adoraram a idéia e a desdobraram na trama. O mesmo Agnelo dois anos anos tentara emplacar um anúncio de revista não menos polêmico para o mesmo cliente, fabricante das cuecas “Mash”. Segundo Adonis Alonso que viu a peça estrelada pelo transexual Roberta Close, nua, que nunca foi ao ar, tinha o intrigante título: “Se eu fosse homem, só usava cuecas Mash”. Mas isso já é outra história. Assista ao vídeo do merchandising na novela:



Fonte: Almanaque da Comunicação