23 de mar. de 2007

Eu não conheço essa história de ajoelhar.

- Abaixem as suas armas, nós somos muitos e vocês são poucos.
- Nós não vamos baixar as nossas armas, vocês terão que vir buscá-las.
- As flechas dos persas são muitas e vão cobrir o Sol.
- Que bom, lutaremos na sombra.

Dia 30 de Março estréia 300 no Brasil. 300 é um soco no estômago sem direito a cair no chão ou dobrar os joelhos. Em 300, o cinema encontra as histórias em quadrinhos que encontra o empreendedorismo que encontra a história do mundo que encontra o rock moderno.

300 conta a história da lendária batalha de Termópilas onde 300 espartanos no verão de 480 A.C. lutaram contra milhões de persas no desfiladeiro das Termópilas pelo futuro da Grécia livre. Ninguém sabe ao certo qual era o número de soldados em cada lado do front, mas uma coisa todo mundo concorda: poucos enfrentaram muitos.

300 é baseado na graphic novel (um maneira revolucionária de fazer histórias em quadrinhos) de Frank Miller e arrecadou 70 milhões de dólares no final de semana de estréia nos EUA sem nenhum Tom Cruise ou Brad Pitt nas primeiras fileiras, aliás, o ator mais fomoso do filme chama-se Rodrigo Santoro, que não morre no final, mas já foi flechado pela porção brasilândia do brasil que sempre torce pela derrota dos seus guerreiros bem sucedidos.

Os frustrados dizem que o filme atrai as pessoas porque traz mulher pelada, violência, rock pesado e efeitos especiais especialíssimos.

Mentira!

O filme atrai as pessoas porque fala sobre a eterna batalha entre os mais fortes e os mais fracos, entre os heróis e os covardes, entre pessoas comuns e reis engomados. O filme atrai multidões porque todo mundo quer saber como vencer um concorrente mais poderoso quando se tem poucos recursos; como conquistar um grande mercado quando se tem poucas pessoas; como fazer mais quando se tem muito menos.

300 é sobre uma batalha sangrenta entre uma pequena empresa empreendedora empurrada por um punhado de guerreiros comprometidos com a honra, e uma gigantesca máquina corporativa multinacional sustentada por milhares de funcionários cráchazeiros que nem sabem direito porque fazem o que fazem.

300 oferece mais insights para a sua vida profissional do que muito protótipo de MBA que tem por ai. Economize 500 reais, assista 300 por 30. Você vai aprender a ser o líder que os outros admiram (até a morte), criar uma empresa onde todos querem trabalhar (até a morte), inspirar os funcionários para trabalhar 24x7 (ou até a morte), criar uma marca uma história uma lenda (que vence a morte).

Quando o capitão resolve espancar o soldado, Leonidas - Rei de Esparta - ensina ao gerente a importância do respeito ao estagiário. Quando frente a dúvida da sua própria convicção, Leonidas pede a opinião da sua parceria, esposa, confidente e rainha - que sempre trata de igual para igual - sobre como lidar com os negócios. Quando ocupado, há poucos dias de enfrentar milhões, ele encontra tempo de qualidade para ensinar ao seu filho de seis anos de idade,os segredos do mundo dos negócios que ele conhece. Quando vestido para batalha, gravata computador e celular, tudo que interessa é FOCAR A RAZÃO para fazer o melhor pelo negócio e por seus funcionários. Quando o Rei Xerxes (Santoro), tenta seduzir Leonidas com os benefícios que uma possível fusão & aquisição da pequena empreendedora Esparta pela mega-corporation Persia traria para os acionistas, para ele (cargo de CEO da Grécia, palácios, mulheres, altos bônus) e para os seus funcionários (que se livrariam da escravidão), Leonidas lembra Xerxes que a verdadeira escravidão do ser humano não é a escravidão econômica ou social, mas a privação do estilo de vida espartano, sua cultura, filosofia de vida e direito de tomar decisões livremente sem prestar contas e ninguém.

Cada página, desculpe, cada cena de 300 ensina alguma coisa a você. Dispense a pipoca, cole os olhos nos diálogos.

Quando os membros do board of directors de Esparta resolvem abaixar a cabeça para Xerxes, negam ajuda a Leonidas, retiram o exército do seu comando, e o ordenam a ajoelhar-se diante do invisível, ele faz um spin-off do exército, cria a sua própria empresa, reune os 300 melhores soldados que conhece, e vai rumo aos milhões de Xerxes. Quando perguntam a ele como vencer milhões com três centenas de guerreiros, Leonidas responde que vai usar o cérebro quando Xerxes usar o ego. Ele ruma para Termópilas, onde um desfiladeiro apertado permite a passagem de poucos soldados de uma única vez, neutralizando assim os milhões do inimigo.

Quando um espartano medíocre mal preparado e incapaz, pede para unir-se ao exército, Leonidas manda ele de volta para casa; no outro lado do front, Xerxes envia os incapazes para a frente de batalha para morrer em primeiro lugar. Na pequena empresa de Leonidas, somente os melhores mais bravos mais corajosos mais brilhantes são aceitos. Ele dispensa a média, os fracos, os medrosos, os pomposos. Ele não quer ninguém que possa prejudicar o desempenho dos melhores e abrir brechas para o inimigo entrar. Quando em um momento importante da batalha, Leonidas encontra Xerxes, o grande rei pergunta "Como você pensa que vai conseguir me derrotar? Eu mataria qualquer um dos meus próprios homens para conseguir a vitória sobre você", "Eu morreria por qualquer um dos meus homens" responde Leonidas.

Quando Leonidas percebe que não conseguirá destruir o exército de Xerxes, ele decide construir uma marca. Ele envia um espartano de volta para casa para assegurar que a história e as glórias dos 300 de Esparta viverão por muito tempo, muito depois que eles se forem. Quase 2.500 anos depois, do outro lado do planeta, cá estamos nós falando sobre os 300 de Esparta. "O mundo inteiro saberá que um punhado de homens livres lutou até a morte contra a tirania, o mundo inteiro saberá que poucos lutaram contra muitos." O marketing provocado por Leonidas funcionou. A história boca-a-boca inspirou milhares de espartanos, produziu o orgulho necessário para unir o mundo grego e retardou o avanço dos persas que perderam as batalhas seguintes e nunca chegaram a conquistar a Grécia.

A sociedade de Esparta não deixou nada para trás a não ser histórias de guerras. Nenhuma arte, nenhum conhecimento, nenhuma invenção, nada para iluminar o caminho do ser humano a não ser a dedicação incondicional e a disciplina do seu povo para se tornar os melhores guerreiros do mundo.

Esparta não produziu um Michelangelo ou um Leonardo da Vinci, mas cunhou o termo "vida espartana", que é relacionado até os dias de hoje ao modo de vida onde um indivíduo abre mão de privilégios e benefícios pessoais para se entregar de corpo e alma a uma vida dedicada a atingir um grande objetivo.

Tá bom ou quer mais?

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?


Ricardo Jordão Magalhães
Um Marketeiro Espartano

3 comentários:

Anônimo disse...

não vejo a hora !!!!!!!!!
quebrar tudo com moderação...

Frigo disse...

hehehehe
eu tambem...

Anônimo disse...

O louco!!! O moço já chegou apavorando. Já curti já.