21 de mar. de 2007

Quem foi Jean-Michel Basquiat?

Jean-Michel Basquiat foi, e ainda é, um dos artistas mais polêmicos da história das artes plásticas. Vivendo como um miserável e tendo uma caixa e papelão como seu teto, o pintor americano foi descoberto por Andy Warhol meio que por acaso quando vendia seus cartões postais nas ruas de Nova Iorque. Querendo demonstrar um falso desinteresse, Warhol tentou pechinchar ao se deparar com os mini-quadros. Não conseguindo, o maior artista pop de todos os tempos apelou para seu marchand, que emprestou o dinheiro para a compra - mesmo a contragosto, pois ele só via rascunhos sem valor.

A visão do empresário de Andy Warhol não foi única durante toda a curta história de Basquiat. Desde o início, a polêmica foi sua parceira de genialidade. Não só na pintura - também no estilo de vida, errante e boêmio. Jean-Michel se divertia pichando muros com seu nome artístico (levou até uma surra por causa desta brincadeira), vivia drogado e desprezando todos a sua volta depois do sucesso. Dormia com prostitutas e odiava papos de artistas plásticos. Mas nada se compara com os sentimentos adversos que sua obra provocava. Uns críticos o apontavam como o revolucionário estético, cujas obras beiravam o fantástico e caíam na realidade. Outros traduziam Basquiat como um mendigo sortudo, que teve ajuda da pessoa certa.

Quem quiser tomar partido antes da obra do pintor começar a ser exposta no MAMAM pode tentar conhecer um pouco mais da vida de Jean-Michel Basquiat indo até a locadora mais próxima. O filme Basquiat foi lançado nos Estados Unidos em agosto de 1996 e recebeu versões mais extensas na Espanha e Suécia. Chegou ao Brasil, um ano depois, apenas nas sessões de arte e em vídeo. Dirigido pelo estreante Julian Schnabel - artista plástico contemporâneo e amigo de Basquiat, que também escreveu o roteiro -, a cine-biografia tem como protagonista o excelente Jeffrey Wright (escalado para o novo filme de Woody Allen) no papel do pintor e a belíssima Clair Forlani vivendo o papel de Gina Cardinale, namorada e fã do artista. Nas participaçõesespeciais ainda encontramos um desbocado Warhol na interpretação de David Bowie e a cantora Courtney Love (viúva de Kurt Cobain, líder do Nirvana) como a prostituta Big Pink.

As interpretações dos atores são talvez o melhor do filme, que não explora com propriedade e trajetória suicida e alucinada do pintor. Depois de várias tentativas cinematográficas mal sucedidas, finalmente o cantor David Bowie consegue uma interpretação relevante e de bom gosto. Sua personificação de Andy Warhol é perfeita. Da mesma forma, Jeffrey Wright estréia no cinema com uma interpretação madura.

Apesar das controvérsias em cima do nome, o filme sobre sua vida não quis entrar a fundo nas questões mais complicadas. Contudo, a produção tenta mostrar o período de vida mais conturbado do pintor, retratando com romantismo a sua miséria e viajando artisticamente nos picos de heroína tão comuns no fim da carreira. Apesar de simplório, Basquiat é um bom e rápido começo para quem ainda não conhece os trabalhos de um importante representante da cultura pop do século XX. Só não vale ficar indiferente.

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