O jogo virtual conquista cada vez mais adeptos, gerando negócios interessantes - veja o que fazer para dinamizar os investimentos na nova mídia.
O Second Life vem sendo o grande assunto da mídia digital neste ano de 2007. Cada vez mais empresas compram seus espaços no "mundo virtual" do Second Life, que está no ar há quatro anos e que conta, no momento em que esta matéria está sendo escrita, com mais de 5 milhões de usuários em todo o mundo.
Muitas empresas têm comprado espaços no jogo com o intuito de conseguir destaque para suas marcas - afinal, o "buzz" é fortíssimo. Até mesmo quem nunca entrou no portal do Second Life já ouviu falar sobre o jogo. Revistas de comportamento já dedicaram muitas reportagens de capa sobre o tema e, claro, todo o aspecto de rede social intermediada com uma "conjuntura econômica" dinâmica traz um sabor de novidade que está seduzindo cada vez mais pessoas e empresas a entrarem no Second Life. Um forma bastante eficaz de aliar entretenimento "virtual" a negócios de verdade.
Empresas brasileiras entrando no jogo
Esta dinâmica está atraindo empresas brasileiras para o ambiente virtual - a mais nova grande empresa brasileira a aderir ao Second Life é a construtora Cyrela. JumpExec entrevistou o gerente de internet da empresa, Beto Ribeiro, um dos executivos responsáveis pelo projeto, para saber mais sobre os objetivos da empresa ao entrar neste novo mundo. O executivo destaca que "toda a equipe de marketing da Cyrela tem como principio antecipar e analisar as tendências de mídia e ações de marketing de uma forma geral. Quando percebemos que uma mídia não é um simples modismo e é realmente utilizada pelos seus usuários, buscamos trabalhar a marca Cyrela dentro desse novo contexto. E isso que fizemos com o Second Life, que tem uma presença forte junto aos seus usuários", destaca.
O executivo afirma que o objetivo da ação da construtora é para branding, e que a empresa procurou criar um elo entre o mundo "real" e o Second Life. "Nosso marketing online sempre se baseou na marca Cyrela como ponto de partida para qualquer campanha. Nossa marca é forte, traduz solidez, segurança. Isso não é diferente no Second Life. Hoje já existe um tapume virtual com o logo da Cyrela e o endereço do site. O nome do espaço também leva nossa marca – Clube Cyrela. Ou seja, tudo está amarrado com todo o caminho de campanha online que fazemos", diz.
O projeto da Cyrela no ambiente virtual prevê a participação ativa dos usuários no direcionamento das atividades da empresa dentro do Second Life. Segundo Beto Ribeiro, a empresa usará o Café Stand Cyrela para mostrar aos usuários do jogo o que planejam fazer por lá e também ouvir sugestões dos usuários para possíveis alterações no projeto.
Branding versus investimentos versus usuários
Os ganhos em termos de branding estão entre os maiores apelos do Second Life para as empresas - afinal, é fato que os usuários do Second Life estão, em sua grande maioria, na faixa da população com mais renda e mais predisposta a consumir - e também mais exigente. Os benefícios de se conseguir uma presença maciça de branding junto a este tipo de público são inúmeros, mas os cuidados também devem ser redobrados
A opção da Cyrela, em abrir um canal de comunicação com os usuários do Second Life para ouvir deles o que esperam da marca, é uma decisão acertada. É preciso lembrar, afinal, de que o Second Life é uma rede social altamente colaborativa e dinâmica - e, tal qual no mundo real, ser refratário ao que os usuários dizem pode ser fatal. Medidas como esta certamente darão mais "perenidade" ao investimento feito no Second Life.
No entanto, manter o seu espaço no Second Life vivo e pulsando é algo mais complexo do que parece ser - e alguns sinais de como não fazer as ações no ambiente já começam a aparecer lá fora. Matéria recente da revista BrandWeek relata que muitos anunciantes querem aparecer no ambiente virtual, mas ainda não sabem como fazê-lo. Além disso, uma pesquisa feita pela empresa alemã Komjuniti junto com usuários do jogo relata que 70 por cento deles se mostram desapontados com o tipo de publicidade que é feita no jogo. Segundo estes usuários, poucas empresas têm usado o espaço para ações que não tenham um viés "tradicional" - eles consideram que o potencial do Second Life ainda não foi explorado de forma satisfatória pela maioria dos anunciantes.
Pior ainda, há aquelas empresas que fazem os investimentos no jogo e acabam, sem explicação, entregando suas lojas virtuais às moscas - e este fato é considerado como algo negativo e frustrante para os usuários do jogo, que realmente esperam por experiências interativas. 42 por cento dos entrevistados pela Komjuniti não acreditam que as marcas que "abandonaram" o jogo voltarão ao Second Life - e isto é encarado de forma bem negativa, do ponto de vista da experiência com a marca.
Estes fatos apontam para algumas pequenas regras na hora de investir no Second Life:
Não apareça apenas por aparecer. Você está colocando sua empresa num "universo paralelo", onde ela irá atrair visitantes, clientes e toda uma dinâmica de negócios. Cuide desse espaço - ele custou dinheiro e o retorno acontecerá somente se você ficar "ativo" no jogo.
Conheça o público que frequenta o Second Life. Você está colocando sua marca num ambiente que é freqüentado por pessoas, em sua grande maioria, de bom poder aquisitivo e de senso crítico aguçado - portanto, desenvolva o seu projeto no ambiente virtual com muito cuidado: permita a participação do público, não se feche no que você considera certo. Dar voz a este público - mesmo que eles estejam representados pelos avatares - é importante.
Trabalhe junto com o "offline". Mantenha as características de sua marca no ambiente virtual. Construa espaços que tenham a ver com a imagem e os objetivos de negócio da sua empresa. Você pode ganhar "lindens" lá dentro, mas o que vale, é claro, é o impacto (e o retorno) destas ações aqui fora.
Avalie o "hype". Fazer parte do Second Life realmente trará algo de efetivo à sua marca, ou se trata apenas de um modismo? A resposta definitiva ainda está para surgir, mas enquanto isso é preciso avaliar se estes esforços são compatíveis com sua estratégia - e não apenas uma tentativa de copiar concorrentes. Este é um espaço seu, e você precisa cuidar muito bem dele, como aqui fora.
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