12 de set. de 2007

Consumidores especiais

O mercado que atende portadores de necessidades especiais no Brasil ainda é bem pequeno. Faltam produtos e serviços para facilitar a vida destas pessoas. Empresários que investiram neste segmento estão colhendo grandes resultados.

O mercado que atende portadores de necessidades especiais no Brasil ainda é bem pequeno. Faltam produtos e serviços para facilitar a vida destas pessoas. E empresários que investiram neste segmento estão colhendo bons resultados.

Uma clinica oferece exercícios que dão nova vida aos pacientes e uma empresa vende próteses que devolvem a alegria de andar.

O empresário Peter Kuhn trabalha com próteses para pernas e braços. Ele também comercializa as órteses, que são aparelhos ortopédicos. A empresa existe há 60 anos, e hoje vende entre 15 e 20 próteses por mês. Segundo Peter, há espaço para bons profissionais e o mercado é seguro.

“O mercado é bastante promissor, mas é importante frisar que o profissional que for iniciar neste mercado precisa de um atestado de capacitação técnica, que é um documento hoje exigido pelo governo”, avisa Peter Kuhn.

Das peças, 90% são importadas. Na empresa são feitas apenas a montagem e os encaixes das próteses. Tudo de acordo com a necessidade de cada paciente.

“Primeiro tiramos o molde de gesso do coto do paciente, fazemos um provisório, fazemos as devidas provas necessárias, e se tiver tudo ok, vamos fazer o definitivo”, explica o funcionário Antônio da Silva.

Para começar nesse segmento, o investimento é de R$ 100 mil. Os principais equipamentos são: serra, esmeril, lixadeira e forno. Para o empresário, é fundamental manter-se atualizado. Peter estudou técnicas ortopédicas na Suíça e sempre busca novidades.

“Existe sim a necessidade de você viajar pelo menos a cada dois anos, indo para os Estados Unidos, Europa para trazer, obviamente, novas tecnologias e aplicar aqui nas próteses e órteses”, afirma Peter.

O preço do produto varia bastante. As próteses mecânicas custam a partir de R$ 3 mil. Já outra prótese, computadorizada, é vendida por R$ 100 mil.

“A hora que ele toca o solo com o pé, ele vai ler a pisada e vai ser mandada então uma mensagem para o microprocessador liberar ou segurar o hidráulico”, explica Peter.

“Eu ando com liberdade, faço as coisas que eu gosto de fazer, faço um pouco quanto dá tempo, e levo a vida o mais normal possível”, diz o cliente Ezequiel Amarildo.

O cliente Edvaldo Santana sofreu um acidente há dois anos. Agora ele coloca a prótese e anda pela primeira vez desde que teve a perna amputada.

“É muito bom voltar a andar de novo, voltar às minhas atividades, o que eu fazia antes, com fé em Deus, voltar a trabalhar normalmente, coisas que eu fazia. Tô muito feliz”, comenta o cliente Edvaldo Santana.

Rosana Braz já usa a prótese na perna há 25 anos. Ela se acostumou tanto que hoje nem parece que tem uma deficiência física. Ela anda, pula, dança e até arrisca golpes de karatê.

“Você vai superando todos os limites. Depende de você. Se você confia no aparelho, entendeu? Eu confiei no aparelho que eu estou usando. Eu gosto de agito e meu corpo responde, e a prótese também”, afirma Rosana.

Já as fisioterapeutas e empresárias Carla Nardelli e Fabiane de Menezes montaram uma clínica. Há nove anos. Aqui, elas oferecem vários exercícios específicos para reabilitação.

“O mercado é muito bom. A gente cresce anualmente de 25% a 30% isso devido a diversas técnicas de tratamento que a clínica oferece”, comenta a empresária Fabiane de Menezes.

Alguns cuidados são importantes para o negócio dar certo. As aulas são individuais: uma fisioterapeuta para cada paciente. Matilde Saul faz exercícios para reabilitação da coluna vertebral.

“Quando eu cheguei aqui, depois de uma semana, eu não estava conseguindo me movimentar e a partir do momento que eu comecei fazer todos os exercícios, eu consegui a recobrar a minha mobilidade”, conta Matilde.

Para montar uma clínica de reabilitação, o investimento é de R$ 100 mil. Segundo as empresárias, o ideal é ter salas de aula e piscina. Lá, a hidroterapia é um diferencial.

“Fora da piscina tem dor e na piscina não, não há dor, é bem mais agradável, tanto que eu nunca havia entrado na piscina e agora fiquei fã, fico triste quando elas me mandam embora”, brinca a paciente Elide Rivitti.

É essencial se atualizar sempre, e conhecer técnicas novas. Por isso, as empresárias fazem de dois a três cursos de especialização por ano.

“Os profissionais vêm de fora, a gente precisa estar fazendo esses cursos para estar mais por dentro do que está acontecendo no meio da fisioterapia”, afirma a empresária Carla Nardelli.

As empresárias têm uma programação especial para divulgar o negócio. Elas visitam médicos como ortopedistas e neurologistas, que indicam a clínica para os pacientes deles.

Para esse tipo de estratégia comercial dar certo, existem duas ações importantes. Primeiro as empresárias levam um bom material de divulgação nas visitas aos médicos.

“A gente chega na visita médica apresentando uma pasta onde tem detalhadamente todo o tratamento do paciente, uma proposta de tratamento”, explica a empresária.

Além disso, elas possuem um programa de computador para o médico acompanhar pela internet a evolução de cada pacientes.

“Cada médico tem sua senha e seu login, com isso ele consegue entrar no nosso sistema, obtendo assim as evoluções de cada sessão. Sem dúvida, isso é um diferencial da nossa clínica, que com isso a gente consegue a confiança do médico”.

A clínica atende em média 90 pacientes por semana. João Lucas, de quatro anos, tem um problema na medula óssea. Ele faz exercícios na clínica há pouco mais de um ano, e já mostra os resultados.

“Quando eu cheguei, eu não andava. Hoje já andei”, diz João Lucas.

Fonte: PEGN

Nenhum comentário: