20 de set. de 2007

Desenlatando pessoas

Há alguns anos, as marcas internacionais eram homogeneizadas, a experiência do consumidor era secundária e isso acabou levando a indústria à comoditização de produtos. "As empresas vendiam ravióli, comida para cachorro e pratos sofisticados todos em latas, as pessoas não merecem ser enlatadas, a comercialização e criação de valor devem caminhar para a individualização. As marcas não pertencem a empresas e sim a pessoas". È o que explica Marc Gobé, um guru quando o assunto é design de marcas e branding.

Ele é presidente, CEO e diretor de criação do Désgrippes Globe Group, uma das 10 maiores empresas mundiais de criação e desenvolvimento de imagem de marcas com sede em Nova Yorque e escritórios em Paris, Bruxelas, Tókio e Seul. É autor do best-seller mundial "Emotional Branding", no Brasil "A emoção da marcas: conectando marcas às pessoas, lançado em 2002.

Com formação acadêmica em design gráfico e industrial, Marc Gobé, ao longo de sua carreira criou estratégias de desenho de marcas inéditas e emocionalmente induzidas para empresas como Air France, AOL, Victorias Secret, Versace, Godiva, Gillette, Reebok, Gatorade, Sears, Starbucks, IBM e Coca-Cola, entre outras.

Em sua palestra no segundo dia do Semak, Seminário de Marketing ,realizado pela Febraban, Federação Brasileira dos Bancos, Gobé falou da importância do design para a criação do branding, da democracia do consumidor e de um mundo motivado por idéias Jazz.

Gobé define idéias Jazz fazendo um comparativo com uma banda de jazz. "Uma banda de jazz é uma metáfora para branding. Temos pessoas diferentes, com histórias diferentes, que tocam instrumentos diferentes. Mas que no final acabam fazendo um som de qualidade, com resultado emocional. Esse é o mundo de hoje", diz.

Para ele há uma ruptura clara entre a era do consumidor passivo, das marcas homogêneas e da comoditização de produtos para a era de hoje, individualizada, com o consumidor entendido de maneira individualizada. "A batalha entre empresas já era difícil, com esse cenário será mais difícil ainda", explica.

O guru apresentou diversos cases para defender essa teoria, um deles é o da Rede Starbucks, sempre citada em palestras e matérias de marketing por sua maneira inovadora de pensar a escolha do consumidor. Gobé destacou que na Starbucks há inúmeras maneiras de se preparar um café, o consumidor escolhe.

Além disso, o CEO ressaltou a importância e relevância de uma marca com o case do Ipod. "Haviam milhares de tocadores de MP3 no mercado, com cores formas e memórias diferentes, mas quando a Apple lançou o Ipod todos queriam um. A única resposta é o fato dele ser da Apple, uma marca que já carrega o peso da qualidade, modernidade e principalmente toda a carga emocional", afirma Gobé.

Um outro case apresentado pelo especialista foi o de uma designer que viveu com seus avós um problema constante da indústria farmacêutica. As embalagens são sempre muito parecidas e seus avós trocaram remédios e tiveram problemas sérios. Ela acabou sugerindo idéias simples e práticas para a indústria mudar as embalagens. Mas a grande pergunta é porque eles não haviam pensado nisso antes? "O problema é que o consumidor, ou a preferência dele pouco importa para indústrias que não precisam fisga-lo o tempo todo no ponto de venda. Esse é um grande alerta para outros segmentos: veja se não muita coisa que pode ser feita que não é importante para a empresa mas que é para o consumidor".

A emoção

Marc Gobé diz que experiências emocionais estão enraizadas na nossa vida. Pequenas idéias podem Ter um impacto muito grande na emoção. "Quando nós usamos a lógica, paramos ela quando nos surge a primeira solução confortável". È por esse motivo que o especialista tanto defende o uso do emocional. Para ele, a grande arma para se chegar no emocional é o design e a parte iconografia da marca. "Temos que usar processos de visualização para tirar das pessoas coisas relevantes, uma marca, para ser amada e não só considerada, precisa Ter cinco elementos intrínsecos: cidadania, liberdade, status, confiança e harmonia", explica.

Para isso ele defendo o uso do design. "O design é uma voz muito mais importante e poderosa do que o mercado imagina, o design é uma supermodelo, é a tradução da personalidade de uma empresa", finaliza.



Fonte: Consumidor Moderno

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