17 de set. de 2007

Empresas privadas começam corrida para levar turistas ao espaço

Existe uma corrida espacial particular que está correndo a todo o vapor. Trata-se de uma competição para saber qual empresa será a primeira a desenvolver um mercado mundial para o turismo espacial.

Tudo começou no final dos anos 90, quando foi instituído o Prêmio X, que pagaria 10 milhões de dólares para a primeira empresa que projetasse, construísse e disparasse um veículo suborbital reutilizável. A criação de tal veículo era a condição básica para começar a alavancar uma indústria do turismo espacial.

Mais de uma dezena de empresas americanas, européias (e até uma argentina) se inscreveram na competição. Mas quem acabou levando o prêmio 2004 foi a SpaceShipOne, espaço-nave construída pela Scaled Composites, empresa do americano Burt Rutan, cujo sócio é ninguém menos que o bilionário Paul Allen, o co-fundador da Microsoft.

Após a inédita conquista, a SpaceShipOne foi aposentada e se encontra hoje num local de honra no Museu Nacional de Aeronáutica e Espaço, em Washington, bem ao lado do X-1 Bell, o jato que há 60 anos, em 14 de outubro de 1947, quebrou a barreira do som pilotado por Chuck Yeager.

O sucesso da SpaceShipOne saltou aos olhos do bilionário britânico Sir Richard Branson, o magnata do grupo Virgin. Uma pesquisa já havia apontado a existência de pelo menos 20 mil pessoas em todo o mundo dispostas a pagar até 200 mil dólares para ter a chance de flutuar na ausência de gravidade e observar a “Terra azul” vista do espaço a bordo de um vôo suborbital. Assim, ainda em 2004, Branson fundou com o sócio Burt Rutan a Virgin Galactic.

A dupla constrói nesse momento a sucessora da SpaceShip One, a SpaceShipTwo. A nova espaço-nave operará como o ônibus espacial particular de uma futura ponte-aérea orbital. A partir de 2009 e pela bagatela de, adivinhem quanto?, 200 mil dólares, a SpaceShipTwo levará turistas abonados ao espaço.

Interessados não faltam, como garante Burt Rutan, que diz já ter vendido 200 passagens. A confiança no sucesso do projeto é tal que na semana passada a Virgin Galactic escolheu a empresa de engenharia britânica Foster + Partners para projetar o primeiro espaço-porto particular do planeta, que ficará no Estado americano do Novo México.

Quando o avião-foguete e o espaço-porto estiverem prontos, será que Branson vai ficar satisfeito em embolsar apenas 200 mil dólares por passageiro? Ou será que ele pensa em vôos mais altos? Será que é ele o bilionário cuja identidade é mantida a sete chaves, e que está financiando parte substancial do projeto de um Spa orbital que por incrível coincidência se chama Galactic Suite? De acordo com o empreendedor por trás da idéia, o catalão Xavier Claramunt, “calculamos que existem 40 mil pessoas no mundo que poderiam bancar uma estadia no hotel. Se eles estão dispostos a gastar o dinheiro para ir ao espaço, isso não sabemos”.

Auxiliado por engenheiros espaciais americanos, Claramunt quer inaugurar seu Spa em 2012. Será um resort ultra-exclusivo para orbitar o planeta a 450 km de altitude. O projeto do hotel parece um cacho de uvas. Seu núcleo central funciona como um satélite ao qual são conectadas três cápsulas-dormitório em forma de gomos, cada qual com enormes janelas para o cliente se deleitar com a Terra azul lá embaixo.

Os quartos têm 7 metros de comprimento por 4 metros de altura. O custo do projeto: astronômicos 3 bilhões de dólares. Os bilhetes começam a ser vendidos em 2008 por 4 milhões de dólares. Segundo Claramunt , “o primeiro pacote incluirá o transporte do cliente da sua casa até uma ilha no Caribe, o treinamento para a viagem ao espaço, o vôo até o hotel e três noites de acomodação no Galactic Suite”.

Outro bilionário americano que decidiu apostar no turismo espacial é Jeff Bezos, o fundador da Amazon.com. Ele é o principal investidor por trás da Blue Origin, que já testou com sucesso um primeiro protótipo de um veículo lançador suborbital, numa base na Texas em 2006.

Existem diversas outras empresas ao redor do mundo que apostam no turismo espacial, como a canadense Planetspace, as americanas Armadillo Aerospace, Rocketplane Kistler, e a britânica Starchaser.

O mais recente competidor nessa corrida é a gigante aeroespacial francesa Astrium, a mesma que constrói os foguetes lançadores de satélites Ariane 5. Em maio passado, no último Salão Internacional de Aeronáutica de Le Bourget, na França, a empresa anunciou o projeto de um veículo suborbital para atender ao futuro mercado do turismo espacial.

Com as dimensões de um jatinho executivo, o veículo levará quatro passageiros até 100 quilômetros de altitude, proporcionando a eles mais de três minutos de experiência num ambiente com gravidade zero. Custo total do projeto: 1 bilhão de euros.

Apesar das inúmeras iniciativas, ninguém ainda conseguiu ganhar um centavo que seja com turismo espacial – à exceção, é claro, da agência espacial russa e da agência de turismo espacial Space Adventures. Estas já embolsaram desde 2001 mais de 100 milhões de dólares para enviar cinco milionários pagantes para dar uma volta na Estação Espacial Internacional ao preço de 20 milhões de dólares por cabeça.

Quem também poderia ser incluído nesse rol de privilegiados é o chamado “astronauta brasileiro”, o major Marcos Pontes, que realizou a mesma façanha dos turistas milionários, porém paga pelo contribuinte brasileiro. Mas não fique chateado, pois conseguimos um belo desconto! O passeio de Pontes saiu por apenas 10 milhões de dólares.

Ainda em tempo, o X Prize que fez história com a SpaceShipOne, ganhou ontem uma versão lunar. É que ninguém menos que os dois jovens bilionários fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, instituíram o Google Lunar X Prize.

A premiação, que será administrada pela Fundação X Prize, promete entregar um total de 20 milhões de dólares à primeira empresa privada que colocar um jipe robô na superfície da Lua que percorra até 500 metros enviando fotos em alta resolução à Terra – além de outros 5 milhões de dólares, caso o robozinho consiga rodar até 5 quilômetros ou fotografar objetos deixados na superfície do satélite por alguma das missões do Projeto Apollo.

Segundo Peter H. Diamandis, o CEO da Fundação X Prize, ele procurou os donos do Google em março passado para promover a idéia do prêmio lunar. “Parece muito divertido”, foi a reação de Page. Já seu sócio Brin teria dito: “Por que nós mesmos não podemos fazer uma missão lunar?”. Bem, esse não é o negócio do Google, mas o fato é que a dupla comprou a idéia e o prêmio é hoje uma realidade.

Qual será o próximo passo? Ninguém sabe, mas a agência de turismo Space Adventures faz uma aposta. Em seu site eles já estão promovendo a primeira missão lunar particular da história. Preço para se associar ao projeto: US$ 100 milhões por cabeça, pois serão apenas dois tripulantes, num vôo de US$ 200 milhões. De acordo com Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua na Apollo 11 em 1969, “esta missão é uma oportunidade única para que um cidadão-empreendedor se torne um dos maiores exploradores do século 21”.

Fonte: IDG Now!

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