6 de nov. de 2007

Web e novas mídias: se você ainda não está, certamente estará

A vida de diretores de marketing já foi mais fácil. É verdade que todos os cargos passam por transformações nesse mundo cheio de oportunidades de comunicação e consumidores se interligando em comunidades, mas nenhum outro executivo está tão cercado de novas decisões em cima das transformações causadas pela tecnologia e a internet. Já se foi o tempo das fórmulas de sucesso garantido. O lema atual é conhecer tudo, experimentar tudo e ainda cuidar para que nada saia errado.

Veja o caso do diretor de marketing da Fiat, João Batista Ciaco. Ele é um executivo em sintonia com o mundo atual. Além de gerir os investimentos comuns de publicidade no Brasil, ele tem um blog sobre semiótica e costuma direcionar as estratégias modernas de marketing da marca, como vídeos virais no YouTube, ações no mundo virtual Second Life, pesquisa sobre consumidores em redes sociais como o Orkut, entre outras tantas formas de comunicação que surgiram com a explosão da internet social nos últimos anos. Qualquer conversa sobre Web 2.0 com ele é uma aula agradável de como a tecnologia permeia nossas vidas.

Mesmo assim, ele não sabe o que fazer com duas novidades que acabam de entrar na sua agenda, o serviço de vídeo on-demand Joost e o microblog Twitter (esse último, inclusive, ele conheceu e se interessou apenas depois de comentado pela reportagem do COMPUTERWORLD).

“Há 15 anos havia uma fórmula de sucesso, bastava um comercial de um minuto no principal telejonal e uma página dupla na maior revista semanal e o retorno era garantido. Hoje, não existe equação assim e temos de conhecer todas essas novidades”, analisa.

Outro executivo que passa pelo mesmo dilema é o diretor de marketing da construtora Tecnisa, Romeo Busarello. A empresa pode se considerar decana no aproveitamento da Web 2.0 como comunicação e marketing.

O blog corporativo existe há um ano e meio, o Second Life rendeu leads de vendas, o álbum público de fotos Flickr ajuda no trabalho de corretores, a publicação de podcasts é constante, há uma sólida estratégia de busca orgânica e links patrocinados em diversos buscadores online, entre outras coisas.

Cerca de 25% do faturamento de 600 milhões de reais anuais da empresa vêm de contatos feitos pela internet. Recentemente, um empreendimento de mais de 400 unidades teve 102 vendas iniciadas em instrumentos online.

Mesmo assim, ele confessa que não há bússola que ajude com tantas novidades surgindo. “Olho para o Twitter e o Joost e sei que há algo para fazer por lá, mas ainda não temos nada planejado”, comenta.

Se o leitor sabe o que esses destacados homens de negócio enfrentam nesses dilemas diários sobre a Web 2.0, parabéns. Se não faz a menor idéia do que é essa lista de sites e serviços comentada acima, corra para conhecer. Existe um real risco de marcas e profissionais serem relegados a segundo plano se não sabem se portar no mundo das novas mídias.

Um estudo da consultoria e-Marketer mostra que o marketing nessas novidades on-line se tornará essencial para alcançar os futuros consumidores. Crianças e jovens americanos começam a gastar mais tempo e dar mais valor a sites como o Second Life.

O público entre três e 11 anos que acessa a internet pelo menos uma vez por mês já soma 41,5% dos americanos plugados. Desses, os que utilizaram mundos virtuais chegam a 24%. São 34,3 milhões de crianças e jovens que já sabem interagir em ambientes assim. A consultoria estima que em 2011 haverá 53% desse público freqüentando mundos virtuais.

A coordenadora da pesquisa, Debra Aho Williamson, alerta para a riqueza de interação que as crianças de hoje estarão fazendo nesse futuro próximo. Segundo ela, esses consumidores estão crescendo com mais habilidade do que fazer amizades e jogar on-line. Eles sabem interagir com marcas e fazem compras com naturalidade. E esse cenário tem se tornado comum em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Já existem pelo menos 40 sites no estilo do Second Life e muitos se dedicam a criar uma plataforma para que empresas aproveitem essa onda, como o ActiveWorlds e o ProtonMedia. Há inclusive softwares para construção de eventos e reuniões virtuais, como o Unisfair Virtual Event e o Qwaq.

Outro trabalho da empresa, cruzando dados de duas pesquisas, uma recente da Bridge Ratings e outra antiga da University of Massachusetts, feita há 10 anos, mostra a força do boca-a-boca na rede.

As pessoas estão deixando de confiar na opinião da mídia tradicional (jornais e revistas, principalmente) e estão acreditando mais em “estranhos que mostram ter experiência com o assunto”. Os índices de credibilidade praticamente se inverteram, passando de 8,1 para 6,1 no primeiro caso, e para 4,2 para 7,9 no segundo.

Entre esses influenciadores os mais fortes são os blogs. Não é à toa que as empresas têm sido seduzidas por essa ferramenta. “Eles são mais amplos, consolidados e dão um ar mais sério à estratégia”, ensina o consultor de empresas, especialista em web e autor do livro Blog Corporativo, Fabio Cipriani.

O uso desses publicadores de conteúdo é amplo. O da Tecnisa, por exemplo, começou como forma de divulgar notícias relevantes da empresa. Com o passar do tempo, se tornou um novo canal para a área de atendimento e com o a oferta pública de ações no Novo Mercado da Bovespa, no início de 2007, virou um meio de contato direto com a área de relações com o investidor.

“O blog é uma vitrine, se a empresa não tem transparência não adianta entrar nisso. E, se tem, é bom ficar preparada para lidar com a opinião contrária e responder sempre os comentários postados”, ensina Busarello.

O mundo das novas mídias é assim, cheio de oportunidades e desafios. “É preciso separar o ‘ser fácil’ do ‘ser adequado’ e pensar no valor a agregar”, ensina o consultor Fabio Cipriani. Entretanto, não se pode deixar de lado essa transformação.

“Ninguém ia imaginar que um carro seria uma plataforma de convergência há alguns anos ou que existiria o Joost e Twitter. Hoje eu preciso pensar nisso para o Punto e outros modelos”, destaca o diretor de Marketing da Fiat, João Ciaco.

O modelo Punto, recém lançado, é o primeiro resultado do projeto Blue&Me, uma parceria com a Microsoft. O carro tem Windows Mobile e é capaz de receber e-mails e ler os textos para o motorista, por meio de um software de sintetização de voz.

Há também entrada USB, conexões bluetooth com devices diversos e busca avançada no GPS. “Não dá para dormir no ponto, tudo é diferente do que há alguns anos. Quem não incorporar essas novidades na estratégia de marketing e de produtos, vai ter dificuldades”, aponta.

Fonte: Computerworld

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