25 de fev. de 2008

Produtoras buscam novos formatos

Filmes publicitários ultrapassam os limites da televisão e exigem cada vez mais versatilidade dos profissionais

Um movimento de expansão vem se acentuando entre as produtoras de filmes publicitários no último ano. O negócio cresce impulsionado pela busca, por parte dos anunciantes, de outros canais para a exposição de suas mensagens comerciais. Vídeos na internet, pequenos filmes em celulares ou circuitos internos de tevê, ou ainda produções mais sofisticadas, capazes de abrigar o chamado conteúdo patrocinado, ou brand entertainment - ferramenta de marketing similar ao velho merchandising -, ganham espaço no mercado da propaganda.

'Os clientes não estão mais tão preocupados com os tradicionais anúncios de 30 segundos para a TV aberta. Acabamos de realizar cinco filmes para a Nokia, todos apenas para a internet', diz Cao Quintas, produtor-executivo da Rede Latina Estúdio, uma produtora que, desde o ano passado, passou a atuar em parceria com empresas do ramo em outros países latino-americanos. 'A maioria dos anunciantes está atrás de experiências inovadoras', diz.

'O aumento da demanda por conteúdo inserido dentro do contexto de uma história para atender ao mercado anunciante tem feito vários de nossos projetos saírem do papel mais rápido', diz João Daniel Tikhomiroff , presidente do Grupo Mixer, uma das grandes produtoras de filmes do País.

Nos moldes do seriado Mothern, realizado com patrocínio e exibido na Globosat, a Mixer finaliza a negociação, também para TV paga, do seriado Os Descolados. 'Mas já temos outra série sob encomenda e mais dois outros projetos nessa mesma linha para sair do forno ainda no primeiro semestre', diz.

DUAS CABEÇAS


A intensificação dos negócios também faz surgir novas empresas e formatos de atuação fora do padrão habitual do mercado. Caso, por exemplo, da recém-criada Santo Forte Filmes, que estreou há seis meses colocando à disposição dos clientes uma dupla de diretores para produzir e filmar os comerciais.

'Contratam dois pelo preço de um', brinca o cineasta João Dornelas, que faz par com Pedro Pereira na empresa. 'A grande vantagem desse formato é a somatória das características individuais enriquecendo o projeto final.' Dornelas tem formação em cinema, enquanto Pereira acumula dez anos de experiência em agências de publicidade. A dupla estreou fazendo dois filmes para a campanha criada pela agência de publicidade Z+ para a empresa de produtos esportivos Penalty.

A filmagem com dupla de diretores começou a ficar conhecida no Brasil com a iniciativa dos profissionais da 300ml, do Rio - para manter o mistério, eles não revelam seus nomes. 'Gramamos uns dois anos até impormos esse modelo', diz um deles. 'Nos preparamos para filmar dessa forma. Temos afinidades, o que facilita o trabalho', acrescenta o outro.

A dupla trabalha para a premiada produtora nova-iorquina Hungry Man que, instalada no Rio, resolveu expandir para São Paulo, onde acaba de abrir um escritório. Os planos originais da empresa eram de tomar esse iniciativa somente em 2010, mas o aquecimento do setor antecipou a programação.

Essas novas práticas também já começam a chegar às agências de publicidade. Ulisses Zamboni, sócio-diretor de planejamento da agência Santa Clara, adota o sistema que chama de 'co-criatividade', onde o diretor da produtora é chamado a participar também da reunião que vai definir o roteiro do filme da campanha que estão desenvolvendo. 'É um processo comum na europa', diz. 'Alavanca o resultado final, já que mais cabeças pensando para um mesmo fim podem tornar tudo mais rico.'

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