17 de mar. de 2008

No Dia Mundial do Consumidor, especialista alerta que "ter virou sinônimo de ser"

Existe diferença entre o cidadão e o consumidor? Uma coisa atrapalha a outra? Para a psicóloga mestre em psicologia social Amalia Pérez, a resposta é não. Ela explica que quem consome também paga impostos, gera renda. “Consumismo e cidadania são questões que não necessariamente caminham juntas, uma pessoa que se veste como uma árvore de Natal pode ser tão cidadão quanto uma pessoa que usa calça jeans e camiseta”, afirma a psicóloga, no Dia Mundial do Consumidor, comemorado hoje (15).

Para ela, o problema é que na sociedade moderna se valoriza muito mais o ter do que o ser. “A dificuldade que nós temos hoje é que ter é sinônimo de ser”, diz. A socióloga e professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC/UnB) Tânia Montoro, concorda: “hoje são mais cidadãos na sociedade brasileira e em muitas outras aqueles que têm maior poder aquisitivo”.

A professora acredita que um dos lados perversos da sociedade é a confusão feita entre ser consumidor e ser cidadão. Ela afirma que o consumo em si, para suprir as necessidades, não atrapalha a cidadania, o que atrapalha é confundir políticas públicas e sociais e o consumo privado de determinados serviços públicos, como saúde, educação e segurança.

Apesar dessa confusão que as pessoas podem fazer, Tânia Montoro diz que é possível ser um consumidor mais consciente não só dos seus direitos, mas dos direitos do outro. “O que nós vamos fazer com esse lixo?”, pergunta, referindo-se a aparelhos, embalagens e outros detritos gerados pelo consumismo.

Ela afirma, também, que o consumismo pode atrapalhar a cidadania quando as pessoas desperdiçam, sem pensar nas necessidades do outro. “Se eu estou preocupada só em comprar, consumir, fazer minha festa, ter o melhor celular, o melhor carro, eu estou dentro de um sistema onde é impossível para mim a alteridade, a capacidade de olhar o outro, de ver o outro”, conclui.

Nenhum comentário: