17 de jul. de 2008

Publicitários definem propostas para setor

O IV Congresso Brasileiro de Publicidade terminou ontem sob a marca da "defesa da liberdade comercial e de informação", conforme palavras repetidas a todo o momento pelos executivos das empresas do setor.

Foi a arena que o mercado buscava para marcar posição contra os vários projetos de lei que buscam restringir a atividade publicitária. Além do teor político, o evento também se debruçou sobre o impacto da transformação no modelo de negócio da indústria da comunicação. "Esse trabalho começou bem antes dos dias de evento, por isso teses vieram amadurecidas. Foi também o fórum para repudiar a censura", diz Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade ( Abap).

As discussões resultaram num documento com uma série de propostas aprovadas pelas 15 comissões.
Como ressalta o presidente do Grupo ABC, Nizan Guanaes, "o importante é dar continuidade a tudo o que foi discutido aqui, de preferência, mês a mês. É importante que um grupo de pessoas esteja empenhado em implementar as propostas. Se 60% do que foi dito aqui for implementado, não só a publicidade, mas a comunicação brasileira dará um enorme salto", diz o publicitário.

Entre as propostas aprovadas pelos membros do congresso está a realização de um fórum anual, cuja data do próximo já está marcada: maio de 2009. "A realização desse fórum será muito importante, inclusive, para aparar algumas arestas ou melhorar pontos debatidos durante o congresso. Também será uma oportunidade para corrigir algumas rotas e avaliar tudo o que foi discutido hoje", afirma a presidente da McCann Erickson no Brasil, Adriana Cury.

Além da liberdade de expressão, em todos os seus níveis, pontos como a formação de profissionais, a criação de disciplinas nas universidade e uma aproximação entre o mundo acadêmico e o mercado também foram analisados, tendo aprovação unânime dos participantes do evento.

Outra deliberação foi a criação de um código de ética único para agências e fornecedores. "Um dos fatores mais importantes deste congresso é a união do setor. Tudo o que foi discutido aqui nestes três dias de evento mostrou que o setor de comunicação está unido em torno dos mesmos objetivos. Todos estão em busca do aperfeiçoamento e do desenvolvimento da atividade no País", afirma o presidente da comissão "Eficácia no planejamento e compra de mídia", Ângelo Franzão.

Remuneração
Ponto de polêmica no mercado, a discussão sobre a concorrência remunerada e o limite de cinco agências por concorrência esteve em pauta - foi abordado também a questão da defesa dos direitos autorais de idéias apresentadas durante uma disputa de conta. Uma das teses que despertaram polêmica durante a etapa de aprovação no plenário foi a apresentada pela comissão "Prestadores de serviços e sua relação com agências e clientes".

Com a presidência de Zezinho Mutarelli, sócio da Sax So Funny e diretor da Associação Brasileira das Produtoras de Fonogramas Publicitários, a comissão apresentou como sugestão proibir que filmes destinados ao mercado brasileiro sejam produzidos no exterior. Após uma intervenção de Adriana Cury, a própria comissão entregou uma emenda e anulou a sugestão.

Para o publicitário Paulo Sales, principal executivo do Grupo Publicis e participante da 3ª edição do Congresso Brasileiro de Publicidade, organizado em 1978, o ponto alto do congresso é a luta pela liberdade de expressão. "Demorou muito para ocorrer um novo congresso desde a terceira edição. A publicidade e a própria comunicação passam por momentos diferentes há trinta anos se comparado aos dias de hoje. Tudo o que foi apresentado aqui mostra a preocupação do setor em acompanhar as mudanças que estão ocorrendo e, assim, se preparar para o futuro", afirma Sales.

O principal executivo do Grupo Ogilvy no Brasil, Sérgio amado, concorda com Sales. "O grande legado deste congresso foi a luta pela liberdade de expressão, não só na publicidade, como em todo o setor da comunicação", diz. Amado destaca também a importância do apoio do setor à Frente Parlamentar da Comunicação Social e a união do mercado em torno da defesa do direito à `liberdade". "O congresso mostrou que todos estão unidos, defendendo os mesmos objetivos", afirma Amado.

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