7 de out. de 2008

Para você que (ainda) acredita em banners

Para você que (ainda) acredita em banners

Por mais que agências digitais se desdobrem para descobrir soluções criativas para o velho e cansado formato dos Banners, o fato é que a grande maioria deles é tão ruim que já não incomoda mais - tornou-se completamente invisível.

É o que mostra uma pesquisa da Nielsen/Norman group, que rastreou o movimento dos olhos de usuários visitando milhares de sites.

A pesquisa mostrou que esses usuários - como todos nós, aliás - não têm mais tempo ou atenção para ler calmamente o conteúdo de uma página, por isso adotam uma postura mais pragmática com relação à absorção de conteúdo: seus olhos "varrem" a tela em busca de informação relevante, em duas linhas horizontais e uma vertical à esquerda, movimento que lembra a letra F.

Os pesquisadores descobriram que, embora os padrões de leitura variem conforme o usuário e o site, a varredura à esquerda raramente muda. Às vezes o padrão de leitura parece um E, às vezes um L invertido.


Nos exemplos acima (da esquerda para a direita: página de texto falando de uma empresa; página de produto em site de e-commerce; e página de resultados em mecanismo de busca) a cor vermelha indica as áreas para as quais o usuário mais olhou, variando para o amarelo, azul até o cinza, que indica uma área sem fixação.

Desse estudo se tiram algumas considerações importantes:

O usuário não lê páginas web palavra-a-palavra. A maioria será bastante pragmática em sua busca por relevância, por isso textos longos (como os que posto aqui) não são recomendados. Seguindo o mesmo raciocínio, os dois primeiros parágrafos devem ter as informações mais importantes, o primeiro mais que o segundo; em cada parágrafo, as duas primeiras palavras são mais importantes que a terceira etc etc etc.

Bullets, listas, subtítulos e frases de destaque no início de parágrafos são importantes. Por mais que eles sejam pobres, como afirma o papa da Arquitetura de Informação, Edward Tufte. O mesmo vale para o resumo executivo, um primeiro parágrafo que resume o conteúdo que vem a seguir, muito usado em textos acadêmicos e de negócios.

Ninguém considera banners. Para a maioria dos usuários, eles fazem parte daquele monte de "sujeira" que fica na parte superior da tela, junto com os botões da barra de ferramentas do navegador e outras tralhas. Os únicos que ainda prestam atenção em banners estão de certa forma envolvidos com sua criação / produção. Ou seja, até mesmo publicitários os evitam quando não estão a serviço.

É necessário imaginar novas formas de engajamento do usuário. A web de hoje está muito mais para uma grande caixa de ferramentas que para um veículo de informação. Sistemas como o Flickr, a Wikipedia, o Del.icio.us, o Digg ou o Joost não seriam imaginados há três ou quatro anos. Não adianta pensar bobagens como uma "videonovela em episódios para o celular" ou "como colocar banners no YouTube". É preciso pensar o que move o usuário, o que ele procura e como se pode entregar isso nas tecnologias que ele tem à mão, não buscar soluções mirabolantes que só funcionem em Tablet PC rodando Ubuntu ou Frankesteins do gênero.

(A propósito, falando em Digg: ele tem três ferramentas divertidas de interface: o Stack, o Swarm e o Bigspy. Este último lembra o sensacional NewsMap e a ferramenta de mapa de mercado da SmartMoney. Tudo isso está aí, à mão, fácil de usar e bem mais barato de se construir que ums campanha de marketing repropositada para a web.)

Essa pesquisa, como toda estatística, só mostra uma média, e não pretende definir uma lei pétrea. Por isso deve ser considerada com moderação. Ela assume que nem todos textos sejam interessantes, nem que todos os leitores estejam interessados.

É aquela história: por mais que certa coisa "faça sentido" ou que você "ache" que algo está certo, ou mesmo que "sempre tenha sido assim", uma pesquisa para saber o que seu usuário realmente pensa cai sempre muito bem. Ela evita que você autoritariamente imponha seu ponto de vista sobre ele (como o fazem muitos publicitários) ou que fale algo que ele não entenda. Ou pior, que não ouça.

É sempre bom lembrar que as teorias da Gestalt, base do que entendemos por "bom" design, são resultado de pesquisa.


Fonte: dwd3

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