27 de set. de 2007

Mashup nos negócios

Já pensou em usar um tipo de mixagem semelhante ao das músicas do hip-hop para criar aplicações, misturando informações e serviços de dentro e de fora da empresa? Pois é exatamente essa a idéia por trás do conceito de mashup corporativo, que explora o uso de recursos da web 2.0 e tecnologias como Ajax, PHP e RSS.

O termo mashup deriva da prática do hip-hop de mixar trechos de música e vem sendo empregado por diversos sites na internet, com o objetivo de combinar informações de várias fontes num único endereço. No ambiente corporativo, esse recurso traz uma visualização fácil e rápida dos dados espalhados pela empresa, e até fora dela, com informações vindas, por exemplo, de sites na web.

Uma das empresas que vêm evangelizando esse conceito é a IBM, que lançou em fevereiro o QEDWiki, sua solução para enterprise mashup. “É uma tecnologia de framework que utiliza serviços web e recursos wiki para ajudar a criar mashups que combinam serviços, ferramentas e informações externas em uma aplicação flexível e de baixo custo”, diz Rod Smith, vice-presidente da IBM para tecnologias emergentes.

Aplicações em cinco minutos

A idéia da IBM é aproveitar essa flexibilidade da web 2.0 para permitir que os próprios usuários criem aplicativos para necessidades específicas, instantaneamente, sem precisar recorrer à equipe de TI da empresa — em geral, sobrecarregada. “O objetivo é que as aplicações possam ser criadas em cinco minutos”, diz Smith.

Em 2005, a IBM utilizou os recursos da web 2.0 na construção de um site destinado a ajudar as pes-soas desalojadas pelo furacão Katrina a encontrar novos empregos. Batizado de Jobs4Recovery, o site funciona como um portal de buscas que integra informações sobre oportunidades de emprego disponíveis em outros endereços na web — como Yahoo! HotJobs.com, Indeed.com e JobCentral.com. Ao digitar no campo de busca o tipo de emprego que deseja, o usuário recebe uma lista de opções, coletadas nos diversos serviços, com a indicação de sua localização no Google Maps. Smith afirma que, graças à facilidade das tecnologias da web 2.0, os programadores conseguiram colocar esse portal no ar em poucos dias.

Outro exemplo real de aplicação está na Natio-nal Association of Broadcasters (NAB), associação internacional que reúne as emissoras de rádio e televisão. “Trabalhamos com a NAB para desenvolver mashups para a indústria de arte e entretenimento”, diz Smith. “Equipes de produção trabalham em colaboração em projetos específicos, em tempo real, usando recursos como Ajax, Atom e mensagens instantâneas. Com a solução da IBM é possível conectar toda a equipe de pós-produção de um filme — som, efeitos especiais, edição etc. — em uma aplicação que os permite acompanhar a evolução do trabalho e os recursos usados, distribuir tarefas, gerenciar orçamentos e atualizar conteúdos.”

Na cola do soa

O mashup corporativo segue filosofia semelhante à do modelo SOA (sigla de service-oriented architecture, arquitetura orientada a serviços), em que as aplicações são quebradas em componentes de ser-viços, que, por sua vez, podem ser combinados e misturados com outros serviços de acordo com as necessidades do negócio. Ambos permitem a reutilização de informações e de serviços já disponíveis para a criação de novas aplicações sob medida para o usuário. E isso pode simplesmente mudar o modelo de desenvolvimento de software adotado até agora nas empresas.

Para o instituto Gartner, as aplicações compostas, criadas com base na combinação e na reutilização de informações, são um dos aspectos mais poderosos do SOA. Elas estão na base da estratégia da IBM e, também, de outros fornecedores de tecnologia. Entre outros exemplos, o Gartner cita a Microsoft, que incluiu no Office 2007 ferramentas para a criação de aplicações compostas. Uma das primeiras iniciativas nesse sentido foi o projeto Mendocino, desenvolvido com a SAP, que coloca o Office na base dos serviços corporativos criados em plataforma SAP.

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Programadores em massa

A grande vantagem do mashup corporativo é dar ao usuário comum condições de desenvolver aplicativos, sem depender do pessoal de TI. É o que diz Rod Smith, vice-presidente da IBM para tecnologias emergentes:

INFO - Como as empresas podem usar o recurso de mashup em seus negócios?
SMITH - A tecnologia QEDwiki ajuda a criar aplicações flexíveis e de baixo custo, utilizando tecnologias abertas como Ajax e PHP. Antes, era difícil para as empresas criar aplicações sem o envolvimento de profi ssionais de TI.

Quer dizer que não será preciso conhecer programação para desenvolver aplicativos?
O objetivo é permitir que os usuários finais, não técnicos, possam criar aplicações específicas em cinco minutos, com o mínimo de treinamento ou conhecimento de linguagens de programação. Eles poderão arrastar e soltar vários serviços web, como notícias, previsão do tempo e boletins sobre o trânsito, e mesclá-los com o conteúdo existente na empresa.

O modelo SOA não oferece os mesmos recursos do mashup?


A diferença está no fato de que as aplicações mashup são criadas para situações específicas de negócio.

Em quanto tempo o conceito de mashup deverá estar incorporado à vida das empresas?
Acreditamos que o enterprise mashup seja adotado em escala dentro de um a quatro anos.

Fonte: e-Learning Brasil

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