11 de set. de 2007

"O CD já morreu há 10 anos", diz criador da Trama

Rick Rubin, comandante de um dos maiores conglomerados de música, a Columbia Records, surpreendeu alguns ao admitir na semana passada a morte do CD. A declaração foi concedida ao jornal The New York Times e repercutiu pela sinceridade com a qual condenou seu próprio modelo de negócios, famoso pela tradicionalidade marcante. Na visão dele, outras companhias do mesmo ramo de atuação devem se "reinventar totalmente" em vista da pirataria musical e a chegada de formatos digitais. Ele avisa ainda que a clássica prática de vender CDs em lojas já é considerada coisa do passado, ou melhor, da época dos dinossauros. "Acho que numa era com música digital, iPods e todas as ferramentas para pirataria nosso modelo de negócios parece um dinossauro", afirmou.

Embora a declaração possa soar polêmica, há quem não se surpreenda. É o caso de João Marcelo Bôscoli, músico e presidente da gravadora Trama. "A definição é óbvia e veio pelo menos dez anos atrasada. Não devia nem ser considerada como algo relevante", alfineta. Bôscoli administra também a Trama Virtual, braço que funciona em espécie de gravadora virtual. Lá, bandas independentes podem publicar suas criações de modo gratuito, assim como o usuário final, que pode baixar as canções sem nenhum custo.

O músico defende, sobretudo, a multiplicidade de opções quanto à escolha musical. Critica também as políticas restritas praticadas pela indústria fonográfica, cujas intenções, segundo ele, não tentavam oferecer a melhor oferta para o consumidor. "Minha idéia foi fugir da mídia quadrada. Não vendo plástico, mas sim, o material em sua essência, contido em CDs. A indústria sempre quis apenas o que era melhor para as empresas", declara. O alto preço cobrado pelas gravadoras tradicionais é um dos principais motivos apontados por Bôscoli para o desgaste.

O Trama Virtual dispõe atualmente de um acervo de mais de 80 mil arquivos MP3, divididos entre cerca de 40 mil bandas ou artistas cadastrados. Além disso, o site aderiu ao download remunerado, ou seja, bandas independentes recebem bonificação financeira de acordo com sua popularidade e procura pelos usuários do sistema. O projeto é inovador se analisado pelo modo de pagamento, oferecido diretamente à banda, ao invés do envolvimento de terceiros. Por tais razões, o fundador se diz otimista quanto à popularização deste formato musical no Brasil. "O consumidor sempre busca pela melhor opção. Torço para que vários modelos vinguem e se ele pode ter música gratuita por que vai comprá-la ?", indaga.

TV = música

Bôscoli estabelece ligeira semelhança entre o modelo praticado por ele e a TV aberta. Em ambos os formatos o consumidor recebe conteúdo gratuitamente. Todavia, é submetido à publicidade, cujos anúncios são responsáveis pelo financiamento de todo o mecanismo. Se inclui neste universo o programa que reúne canais de TV e os disponibiliza para vê-los na Internet: o Joost. A Trama fechou parceria com o programa desenvolvido pelos criadores do Kazaa e Skype. É atualmente o único canal de música brasileira entre os conglomerados mundiais e tem o objetivo de buscar conteúdos musicais inovadores e diferenciados.

Fonte: Adnews

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