O consultor de mídia americano Michael Rosenblum afirmou nesta terça-feira, durante debate no 2° seminário internacional de jornalismo online MediaOn2008, que o advento da Internet acabará com as grandes corporações da comunicação.
Os debates no Itaú Cultural, em São Paulo, continuarão a partir das 9h30 (de Brasília) desta quarta-feira, com transmissão ao vivo em vídeo através do site especial (clique aqui e confira).
No debate de abertura do MediaOn, empresas de mídia que mantiverem o modelo de custos e não atentarem para a "arquitetura da web" quebrarão. "Os jornais terão que parar de imprimir e as televisões terão que implodir seus prédios e demitir seus editores executivos para continuar seu negócio", disse.
A previsão foi dirigida principalmente às empresas de jornais e revistas impressos, ao rádio e à televisão. Segundo ele, os conglomerados midiáticos precisam "entender a lógica da interatividade" seguindo exemplos de novas empresas como E-bay, Youtube e Amazon.com.
Rosenblum comparou as transformações sociais da Internet a uma "prensa de Gutemberg do século 21". "Antes de Gutemberg, a lei era apenas a palavra do rei, depois a lei foi impressa em uma constituição para que todos possam ler. Antes de Gutemberg, a palavra de Deus era o que o padre dizia, depois virou a Bíblia, traduzida para todos os idiomas", afirmou.
O cenário descrito por Rosenblum assustou o mediador do debate, o blogueiro e apresentador de TV Marcelo Tas. "O que você está propondo é o fim de várias corporações que inclusive me pagam o salário", disse. Tas atualmente coordena o programa que mescla humor e jornalismo Custe o Que Custar (CQC), na Band.
Rosenblum deu como exemplo de empresa que "entendeu as ramificações da web" o jornal The New York Times, que recentemente abriu seu conteúdo na Internet. "O custo do jornal é 85% com seu formato físico, impressão e distribuição. Apenas 15% é com o jornalismo, sendo que o que interessa mesmo é o jornalismo", afirmou. "É preciso colocar o conteúdo jornalístico na Internet para continuar sobrevivendo".
Tas afirma que ainda "acredita na estrutura" e vê como principal trunfo dos grandes conglomerados midiáticos a coordenação de seus conteúdos em portais na Internet. "É bom ter um provocador como o Rosenblum, mas acredito que algumas empresas já estão bem imersas na nova cultura", disse. Ele citou também o The New York Times como exemplo bem-sucedido.
Após sua explanação, Rosenblum estendeu sua crítica a empresas que não têm atuação direta na mídia. "A Microsoft quase se perdeu porque não acreditou que a Internet seria o meio pelo qual as pessoas pegariam seus softwares. Até hoje a Microsoft e a web não se entendem muito bem", disse.
Rosenblum começou sua carreira como produtor do canal de TV CBS News. Posteriormente, implementou videojornalismo na BBC, na Voice of America, e na New York 1. Atualmente, sua atividade é principalmente a consultoria de TV para empresas de todo o mundo. Ele também dá aulas na New York University e tem um curso de videojornalismo.
Debatedores
O evento ocorre até quinta-feira. Nesta quarta, Bob Fernandes, editor-chefe do Terra Magazine, e Ricardo Feltrin, editor-chefe da Folha Online, discutem a importância da web na campanha eleitoral e o uso das redes sociais.
Andréa Fornes, produtora executiva do MSN Brasil, Fábio Malini, professor de jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, e Edward Pimenta, editor de treinamento da editora Abril, discutem as novas carreiras que surgem na área multimídia no Brasil e no exterior, com a mediação de Jaime Spitzcovsky, diretor da Prima Página.
Miguel Almaguer, repórter especial da NBC, e Francisco Mendes, correspondente da BandNews em Washington, falam sobre a importância da Internet na campanha eleitoral e do uso das redes sociais, com mediação de Carlos Eduardo Lins da Silva, ombudsman da Folha de São Paulo.
Antonio Prada, diretor de mídia do Terra, faz a mediação do último debate do dia. Lilá King, representante do iReport - CNN, Marco Chiaretti, diretor de conteúdo digital do Estadão e do Limão, e Márcia Menezes, diretora do G1, discutem a construção de conteúdo do usuário a partir do avanço da tecnologia e das novas plataformas.
Na quinta-feira, dia 11, Giles Wilson, editor de blogs da BBC e Sérgio Gwercman, redator-chefe da revista Superinteressante, sob a mediação de Ricardo Anderaos, diretor do Metro Internacional, blogueiro e colunista de tecnologia da Band News FM, falam sobre o uso de blogs pelas organizações de mídia e notícias.
O blogueiro português Antonio Granado e o jornalista e diretor de conteúdo do IG, Caíque Severo, falam sobre as redes de relacionamento, como Orkut, MySpace e Twitter, com mediação de Fernanda Cerávolo, diretora da Vinil.
Os artistas que conseguiram sucesso e espaço através das redes sociais e o impacto dessas redes no jornalismo serão debatidos por Rodrigo Tavares e Aleksandra Zakartchouk, diretores da Gatacine, e Emerson Calegaretti, diretor do My Space, com mediação de Maurício Stycer, repórter especial do IG.
Serviço
MediaOn 2008 - 2º Seminário Internacional de Jornalismo Online
Eleições e Redes Sociais
Onde: Itaú Cultural, avenida Paulista, número 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Quando: dia 9, às 19h30, para convidados. Dias 10 e 11 de setembro, debates abertos a partir das 9h30.
O MediaOn2008 é uma realização do Terra e Itaú Cultural com apoio da BBC Brasil e CNN.
Via: Terra
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