Em 1988 a única passeata de estudantes do país foi a encenada pelo “casting” da Jodaf, atores que interpretavam jovens rebeldes, figurino de calças Staroup, fabricante de jeans que vivia o seu melhor momento de “share” de mercado. Passeatas de estudantes, a rigor, só existiam no imaginário brasileiro, lembrança nostálgica e as vezes desagradável de 1968 e década de 70, a pesar da repressão. José Sarney era o Presidente da República, exercia um papel político de transição, no intuito de restaurar a democracia no país, mas passeatas, mesmo na encenação de um comercial de TV, é claro que chamavam a atenção do telespectador.
O Comercial foi uma criação de Washington Olivetto e Nizan Guanaes, com produção da Jodaf e Direção de João Daniel Thikomiroff. O ponto alto do filme, fora a ideia básica de resistência do produto, está na trilha sonora, acredito eu que a sua escolha não tinha sido coincidência. A valsa dos “Conto dos Bosques de Viena” de Johann Strauss foi composta pelo músico austríaco logo após fugir da prisão onde estava recolhido, justamente por escrever músicas revolucionárias, promovendo os Direitos Humanos. Refugiu-se com sua amante Carla Donner nos Bosques de Viena, a ela dedicou a composição. Por tanto uma trilha com DNA de protestos e muito romantismo, tudo a ver com o roteiro imaginado por Nizan. “Passeata” obteve leão de ouro em Cannes e uma medalha de bronze no anuário do CCSP. Foi também Grand-Prix de Montagem (destaque para o montador Umberto Martins) no Prêmio Colunistas de Produção. Apenas, me intriga a grafia no escudo da força repressora: “Police” que vêm a ser policia em inglés e Francês. Por que? assista ao vídeo e deleite-se com uma das mais Belas valsas de Strauss:
Fonte: Almanaque da Comunicação
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